sábado, 9 de fevereiro de 2013

Simpaticamente convidado por Maria do Céu Mota para esta tertúlia de escribas na "Voz da Girafa", eu que sou mais um leitor compulsivo do que um escriba de palavras soltas, gostaria de fazer a minha estreia de forma feliz. Vou tentar.

No ano passado foi escrito por António Guerreiro no "Expresso" um artigo sobre os trabalhadores e a sociedade sem trabalho em que vivem. Houve um escritor que recentemente (Lídia Jorge?) assim mesmo defeniu esta sociedade contemporânea, uma sociedade de trabalhadores sem trabalho. Somos milhões sem trabalho, e digo-o assim porque também sofro dessa "doença". O que contribui para isso são vários factores. É curioso no entanto de ver inúmeros artigos de jornalistas e artigos de opinião de  pessoas mais do que conceituadas a explicarem as razões para esta crise terrível que nos cerca e sufoca com as mais diversas teorias económicas. No entanto, salvo o artigo de António Guerreiro, muito poucos são os que referem aquilo que, para mim, é óbvio. Vivemos num planeta com um problema demográfico enorme, a população aumenta a cada ano e os recursos são limitados, nomeadamente o trabalho, entendido como fonte de rendimento. Em seguida o inevitável progresso vem cada vez mais substituir o homem pela máquina. Quando eram precisas 50 pessoas para produzir um determinado produto agora servem 10. O que se faz aos outros 40? São, básicamente, estes dois factores aliados ao capitalismo financeiro, que governa em muitos sítios, as razões para esta crise.
Por mim, tivesse eu arte e saber, fugia para o interior e tornava-me agricultor. Pelo menos sabia que fome de cão não iria passar. Privações e uma vida de sacrifícios, sim. Mas a mesa teria sempre alguma coisa para comer. Como viveram os nossos antepassados até à Revolução Industrial e mesmo algum tempo depois dela? De que se vivia então? Cada um semeava o que comia. Agora temos o "Pingo Doce" e o "Continente"...
Só conheço três formas de termos pão na mesa. Por caridade, pelo trabalho por conta de outrém que nos paga em dunheiro ou semeando o que se come. A primeira é penosa, a segunda começa a  ser difícil de satisfazer a segunda já foi a principal mas era uma vida dura. Voltar-mos para uma sociedade agrícola?
Eu digo que sim e já agora seria ideal se criássemos aldeias comunitárias tipo Vilarinho das Furnas ou Rio de Onor. Dir-me-ão que é um retrocesso civilizacional. E qual a outra solução para nos alimentarmos? E que dizer desta sociedade actual de famintos e deserdados sem-abrigo?

Atentamente
Pedro Carneiro

2 comentários:

  1. Parabéns. Foi uma boa estreia! E escreveu sobre um assunto que preocupa a todos, trabalhadores e desempregados ou "trabalhadores sem trabalho".
    Boa sorte! Em todos os sentidos.

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  2. Quanto ao segundo factor (excesso de gente...) dizia Augusto Abelaira, há uns anos, no "falecido" "O Jornal" que se podiam enviar uns milhares para o alto mar e afogá-los... Mas depois pensava melhor e dizia com os seus botões: mas... e se eu sou um deles?...
    Humor negro dum grande escritor! Mas talvez seja verdade, será um pensamento dos "grandes políticos estrategas do nosso tempo... não são eles...

    Fernando Cardoso Rodrigues

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