terça-feira, 19 de março de 2013

Uma Geração de Heróis

Vivemos Tempos perigosos. Tempos em que as pessoas se tornaram num bem prescindível, vendável, sem valor, trocadas por um Projecto economicista cuja lógica nem os próprios liberais mais encarniçados conseguem explicar.
Neste cenário, a minha Geração, aquela que vai dos 20 até aos 40,  encontra-se numa espécie de beco sem saída. Empurrada para fora do país, hostilizada dentro das fronteiras, tratada como se fosse a origem de todos os males em vez de ser, como é, o princípio da solução.
Olhando retrospectivamente, não espanta este Estado de degradação. Lembro-me bem quando estudava Direito, Curso que acabei por abandonar tirando Jornalismo, do sentimento de frustração que nós sentíamos face a um Ensino que nem   ensinava  - e se o fazia era só para impor a Autoridade dos Professores - nem tinha qualquer tipo de ligação real, prática à vida profissional.
Esse aspecto é, talvez,  um dos maiores problemas deste país. A Universidade e aqui aconselho a leitura de um texto notável  do Historiador António José Saraiva, nos anos 40, é uma Ilha isolada das necessidades do país, dos alunos, dos Professores, recalcando velhos hábitos e defeitos.
Claro que também é profundamente decepcionante o mundo laboral. Quer o Estado, quer as Empresas privadas criaram uma visão coisificada dos trabalhadores: em pleno século XXI, quando as competências, a Cultura, o Saber fazer da minha Geração devia ser o porta estandarte de Portugal, tornou-se, pelo contrário, um anátema expresso nessa terrível e absurda frase " tem qualificações a mais para este posto de trabalho", um incómodo que convêm se desvalorizaestupidamente.
O que fazer neste contexto ? Essa é a questão.
Eu julgo que o movimento pela Democratização do Regime, lançado este mês, que reinvidicando a despartirização da Democracia portuguesa, é uma pedrada no charco e uma oportunidade para mudamos. Com efeito, somos nós, cidadãos, jovens e menos jovens, que temos a legitimidade original deste Estado de Direito, e o dever de nos organizamos politicamete como entendermos.
A minha Geração não pode, nem deve passar ao lado deste combate legítimo e necessário. Para que transforme a heroicidade da sobrevivência do dia-a-dia - tantas vezes cruel e terrível -  numa transformação prática, para que mude com a sua marca, a sua identidade, a sua impressão digital, este país como o mudaram as Gerações anteriores.
 
Rui Marques
 
 

1 comentário:

  1. Sim, parece que travamos um combate...Parece que procuramos sobreviver...Temos uma impressão digital e ela vai ficar. Podemos começar já aqui, n'A Voz da Girafa!!

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