sábado, 4 de maio de 2013

«Morreste-me»

Às vezes, a emoção invade-nos:

Por norma, quando me desloco ao hipermercado mais próximo da minha habitação, enquanto minha esposa faz as compras, eu quedo-me na secção de livros e, sempre que possível, sentado no banco de três frentes que circunda uma coluna, leio o que me vem à vista ou à mão de semear, como sói dizer-se.
E não querem saber que desta última vez dei comigo a emocionar-me até às lágrimas, pelo que, rapidamente, tentei disfarçar o que poderia tornar-se num incontido choro.
Assim, ocultei o melhor possível as lágrimas que afloraram aos meus olhos, tapando-as com os óculos, e limpei com um lenço de papel o que do meu nariz começou a gotejar.
E não foi preciso ler um calhamaço no qual a erudição abundasse, pois, por certo, nenhuma lágrima verteria.
Li simplesmente um pequeno mas emotivo grande livrinho acerca da despedida de um filho que viu partir o seu querido pai do ‘seu’ mundo.
Esse ternurento livro, de apenas 61 páginas, da autoria de José Luís Peixoto, tem por título ‘morreste-me’.
E eu sem querer, pela morte de seu pai também me emocionei, enquanto, lá fora, a primavera continuava a cumprir o ciclo natural da vida de todos nós, rumo ao ocaso.

José Amaral

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