quarta-feira, 25 de setembro de 2013

William Faulkner

William Faulkner (escritor
1897. 25 – New Albany, EUA / 1962.Julho.6

 Tenho por Faulkner uma admiração especial. É um dos meus escritores favoritos. Influenciado na escolha, como se é sempre, por pessoas, Lobo Antunes e a minha mãe, e primeiras leituras, desde que li o seu primeiro livro, que já não sei qual deles foi, que o tomei como um dos imprescindíveis. Mais do que o enredo são as suas personagens que me fascinam em especial a simples e determinada Lena Grove de "Luz de Agosto". A sua obra tendo vindo a ser publicada em Portugal no entanto alguns dos títulos são não se encontram disponíveis como é o caso de este último que referi. De qualquer modo não podia deixar passar esta data sem deixar uma referência a um escritor tão importante para mim e um dos mais notáveis escritores de língua inglesa que muito contribuiu para nos dar a conhecer o sul rural e esclavagista dos Estados Unidos. De uma entrevista sua selecionei algumas passagens que acho relevantes.

Sob o modo como alguém se pode tornar um romancista a sério:”Noventa e nove por cento de talento…noventa e nove por cento de disciplina…noventa e nove por cento de trabalho. Nunca nos podemos dar por satisfeitos com aquilo que fazemos (…) Não sei nada acerca de inspiração porque não sei o que é, já ouvi falar dela mas nunca a vi.”
 
O homem é indestrutível devido ao seu simples desejo de liberdade”. Isto a propósito do seu anseio de realizar um filme a partir do livro “1984” de George Orwell.

A propósito do cristianismo:”Ninguém vive sem o cristianismo, se é que nos estamos a entender acerca do significado dessa palavra. É o código de comportamento individual de qualquer indivíduo, por intermédio do qual ele faz e si próprio um ser humano melhor do que aquilo que a sua própria natureza desejaria ser, se ele se guiasse apenas pela sua natureza. Qualquer que seja o seu símbolo esse símbolo é uma forma de relembrar o homem dos seus deveres no conjunto da raça humana. As suas diversas alegorias são as tabelas em função das quais ele se avalia e aprende a saber quem é. Não pode ensinar o homem a ser bom como um livro escolar lhe ensina matemática. Revela-lhe antes como se descobrir, como desenvolver por si próprio um código moral e um padrão ao alcance das suas capacidades e das suas aspirações, dando-lhe um exemplo inigualável de sofrimento e de sacrifício e uma promessa de esperança.”

Acerca da necessidade de ter liberdade económica para se poder tornar num escritor: “Um escritor não precisa de liberdade económica. Precisa apenas de um lápis e de algum papel (…) Sou, por temperamento, um vagabundo e um nómada. Não desejo ter dinheiro de forma intensa que me leve a trabalhar para o ganhar. Na minha opinião é uma vergonha trabalhar-se tanto por esse mundo fora. (…) Isto explica porque é que o homem provoca a si mesmo e aos outros tanto sofrimento e infelicidade.”

A vida é movimento e o movimento está ligado àquilo que faz com que o homem se mova – ou seja, a ambição, o poder, o prazer. O tempo que um homem pode dedicar à moral é tempo que ele tem de roubar ao movimento de que faz parte. É compelido a fazer escolhas entre o bem e o mal mais cedo ou mais tarde, porque a consciência moral lho exige para que ele possa viver consigo próprio no dia seguinte. A sua consciência moral é a maldição que ele teve de aceitar dos deuses, de modo a obter o direito a sonhar.”

William Faulkner recebeu em 1949 o Prémio Nobel de Literatura.

Entrevista com Jean Stein (1956) publicada na The Paris Review of Books editado em Portugal pela Tinta-da-china 2009 – Entrevistas da Paris Review.

1 comentário:

  1. Na minha juventude li alguns escritores americanos de renome, tal como russos, franceses e ingleses e até indianos que serviram para me aperfeiçoar como cidadão. William Faulkner foi um deles. Alguém, hoje, lê ou recomenda esses padrões da literatura mundial? Tenho dúvidas. É bom publicar posts como este. Parabéns.

    ResponderEliminar

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.