sábado, 26 de outubro de 2013

A urgência de um acordo entre PSD e PS...

Se um presidente de câmara independente consegue obter um acordo de governação com o PS para garantir estabilidade na condução dos destinos da autarquia da segunda cidade mais importante do país, não há razões que justifiquem a incapacidade para que os dois maiores partidos portugueses (PSD e PS) não se entendam por forma a obterem um acordo de entendimento a longo prazo (no mínimo 10 anos) que permita a Portugal falar a uma só voz nas instâncias internacionais. 
Veja-se o que se passa na Alemanha, onde são envidados esforços para que o partido de Merkel chegue a um entendimento com o partido da oposição. Por cá, continuamos a ter a mesma "cassete" de sempre: o governo propõe e a oposição crítica e cada vez que um novo partido chega ao Governo desfaz o que o anterior construiu. E, assim, o que temos? Uma incapacidade atroz para que a nossa credibilidade externa possa ser levada a sério.
Enquanto PSD e PS não se entenderem em questões fundamentais como a reforma do Estado Social, o futuro do sistema de Segurança Social e políticas basilares como a fiscal, a da justiça, a da educação e a da saúde, continuaremos a assistir a esta espuma dos dias centrada no "bota abaixo" constante entre PSD e PS, que, na prática, não traz quaisquer benefícios aos nosso país. Bem pelo contrário! Lá dizia o outro: "não se governam, nem se deixam governar".

Por Pedro Peixoto
in Público, 25 de Outubro de 2013

7 comentários:

  1. As decisões normais são construídas por pessoas normais. Esperar que cérebros que apenas albergam a ganância do poder construam algo de vantajoso para a nação, é pedir o impossível. Esta gente política que temos, na sua maioria, não presta e por isso não enxergam longe.

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  2. Concordo com o Pedro e também com o Joaquim. Só acrescento, como já fiz aqui mais d euma vez, que todos os cidadãos e elitores em particular são responsáveis pela má qualidade de todos os políticos em funções, dos vários partidos. Quem é que quererá trocar uma carreira profissional a sério, por uma função política transitória, mal paga, objecto das maiores desconsiderações, enxovalhos, insultos e até agressões? Ser político hoje, no nosso País, está abaixo de cão! Quando uma vez inquiri os meus Filhos sobre essa possibilidade de serviço público, olharam para mim como se eu tivesse ensandecido! Por isso, desculpem, mas antes de "atiramos a primeira pedra"...

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  3. O serviço público, especialmente o desempenho de cargos políticos, deve ser exercido com dignidade e saber. Ser escolhido para o desempenho dum cargo de responsabilidade na organização social, deve ser considerado como uma honra e não como um lugar de maiores proventos. Para servir a pátria, os nossos irmãos, não pode ser primordial o quanto se vai auferir e que vantagens daí advêm para os nossos amigos. O que sucede neste país, no momento, é que tudo se degradou tanto, que a maioria dos indivíduos que nos governam, desde as autarquias aos governos regionais e central, ou são ingénuos e ignorantes, ou títeres ao serviço de outros valores que não os que honram a nação. Sem querer destacar-me de outros, até porque serão mais competentes e experientes do que eu, falo da minha experiência de vida, desde a fábrica à Universidade, desde o ser cidadão comum, apenas votante, até ao de Presidente de Câmara ou de professor e Presidente do Conselho Directivo de Escola. É um percurso longo e de grande conhecimento da vida que me habilita a dar alguns pareceres sobre a grande tragédia que é a vida decorrente no nosso país. Ser político devia ser um lugar de respeito, mas como o exercício acabou por passar de cidadãos experientes e honestos para profissionais criadores de maroscas e embrulhadas para se atingir o poder, o exercício tornou-se pouco dignificante. Conhecedor, mais ou menos por dentro, dos Partidos, deixei o partidarismo já há dezenas de anos, mas não quero dizer que deixei a participação política de lado. Aliás, o que escrevo, com maior ou menor qualidade e aceitação, tem sempre um fundamento político, como é obrigação do cidadão em pleno gozo dos seus direitos. Um longo abraço aos amigos que continuam a apresentar atestado de sobrevivência, nem que seja através da indignação.

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    1. Caro Joaquim, ainda bem que existem (sem ofensa, claro) alguns abencerragens como V. Assim , ainda há esperança. Estou totalmente de acordo com o que afirmou. Mas tem de admitir, que V. e todos os restantes, que serão muitos certamente, que de facto serviram a coisa pública e não se serviram dela, como outros fizeram, nunca serão bem reconhecidos pelos seus concidadãos. É que o labéu de ladrões e corruptos que já atingiu a classe polítca, atinge também os cidadãos que souberam servir com dignidade. Por isso é que é que os jovens com valor, e mesmo os mais maduros, nem querem ouvir falar em cargos electivos. Já agora, para ver que o serviço público no nosso País não está devidamente caracterizado, darei um exemplo simples. Nos EUA, um cidadão que tenha desempenhado um cargo público terá no seu CV a expressão "...he served...". No nosso País, como todos sabemos teria "...desempenhou as funções/cargo de....". Percebe a diferença?

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  4. Caro Amigo Manuel Alentejano

    Acabei de confirmar o seu artigo no Público, pois já o tinha lido no Blogue, mas assinado por Manuel Martins, Cascais. Afinal não estamos assim tão longe, nem na apreciação dos problemas que envolvem o mundo, nem na residência. Quanto aos jovens, tem muita razão no que afirma quanto ao seu desinteresse pela política. Também tenho filhos, um médico, outra professora licenciada em Química, que não se interessam pela política, ainda, que quando eram adolescentes, eu fosse um profissional que exercia o meu mister, mas sempre muito empenhado na acção política. Hoje, os lugares políticos na região, estão ocupados por pessoas com menos atributos, alguns que até foram seus colegas.
    É o mundo que temos, é o que construímos, e a nossa obrigação é lutar para que seja melhor. Quanto à sua última observação, sobre o desempenho de cargos públicos, no meu ADN, está incorporada a capacidade de perceber a diferença. Um abraço lusitano.

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  5. Caro Amigo Joaquim Tapadinhas, concordo que realmente não nos resta mais do que fazermos o nosso melhor, para que ao menos os nossos netos consigam um futuro mais promissor. A geração dos nosso filhos está quase "queimada", e é pena, que se tenha perdido uma geração em que se repetiram erros, uns atrás dos outros. Parece que só conseguimos fazer algo, é com ditaduras ou por interferências de estrangeiros, como sucede agora. Será o nosso fado? Quanto ao serviço público, estamos entendidos, eu já sabia. É muito difícil para um servidor honesto, olhar para os lados (e às vezes até para cima), e ver toda a gente a "governar-se"... Por vezes até podem ser conhecidos, amigos ou colegas de profissão. A pessoa desfalece. Desiste e diz que não vale a pena. Eu compreendo perfeitamente. Nos meus tempos de serviço público, isso, graças a Deus, não existia. Foi (para mim, claro) no saudoso governo da AD, de 1980-83. Já lá vão uns bons anos... Estava tudo irmanado do mesmo espírito. Penso que é já público que o Dr. Sá Carneiro foi uma vez "chamado à atenção", pelo também saudoso Dr. Morais Leitão, que o primeiro estaria a nomear mais elementos do CDS que do PSD. Sá Carneiro escolhia os melhores, não estava a fazer contabilidades de mercearia. Eram outros tempos. Eram tempos de ideologia e entusiasmo. Depois vieram os interesses e os negócios. Tudo mudou, e cada governo foi pior que o anterior. Eu próprio, que nnca votei PS, com o consulado do JS, cheguei a ter saudades de outros socialistas, Guterres ou até Soares. Eram mil vezes melhores que o dito cujo. Um abraço Cascalense, de alguém que também escolheu o Alentejo para partilhar a sua vida.

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  6. De facto ou se fazem consensos, e os "instalados" todos, se põe "desinstalados", ou isto rebenta de vez e quem se lixa é o mexilhão, que somos nós.

    Augusto

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