segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Canção da Sopa

Fui buscá-lo hoje!
Capa sóbria e lisa. Título: Poemas. Autor: Bertolt Brecht. Edição de 2005. Mais de 600 poemas, mais de 600 páginas.
Muito desejado.
Pego nele com todo o cuidado. Sinto que tenho uma relíquia entre as mãos. Uma pedra preciosa. Pão para o espírito ou para a alma, se acredita nela.
Abro à sorte (?):

1
Se não tens sopa
Como te vais defender?
Tens que todo o Estado
De baixo a cima revolver
Até que tenhas sopa.
E então vais tu de vento em popa.

2
Se não encontras trabalho
Tens mesmo que te defender!
Então tens que todo o Estado
De baixo a cima revolver
Até seres o teu próprio patrão.
Terás estão trabalho, pois então!

3
Se da vossa fraqueza se põem a rir
Não há nenhum tempo a perder
Tendes de ver e cuidar
Que os fracos todos tratem de marchar
E então sois vós um grande poder
E nenhum mais rirá, ides ver.

p.s.
Agora recordo as palavras de Vasco Pulido Valente, vindas à luz no passado dia 12 /10, e disponho-as em forma de pergunta: Continuará ao acaso este país, no caminho da miséria e do desespero?
VPV termina o seu artigo de opiniao com esta pergunta: "Como se incomodaria [Passos Coelho], se ele nunca pensa?"
Agora as palavras sábias de Leonardo da Vinci: "Quem pouco pensa, engana-se muito".
Exigimos políticos que muito pensem, que muito se incomodam com a miséria, a pobreza, o pouco pão, os sem-trabalho, os sem-sopa, os fracos!
E que pouco se enganam.

(Público, 16-10-2013)

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