quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Lampeduza mais um exemplo da imbecilidade europeia


Lampeduza mais um exemplo da imbecilidade europeia

Não é necessário ser crente para assumir que o Papa Francisco quando aparece e fala, faz muitíssimo mais – pelos seres humanos – que muitos outros, que andam sempre em todo o lado a aparecer.

Quando foi a Lampeduza alertou a Desunião Europeia para o total desleixo pelas vidas Humanas, dado ser um local onde a morte – de Pessoas, em fuga, em busca de algo melhor – por afogamento, de iguais a nós, foi e é a normalidade.

Claro que a Desunião Europeia e os seus Estados Potentes do Norte, fizeram uma vez mais de conta que aquilo era um problema dos Atrasado e Pobretanas do Sul, ou do Norte de África, dado que parece não saberem bem distinguir. É tudo igual ou parecido!

O senhor que está à frente da Comissão Europeia e que muito se espera que em Junho próximo deixe de estar – e se possível não volte a Portugal a querer ser Presidente, já temos tantos a querer! – formalmente ocupa o lugar, mas na práctica não manda, não decide, não sugere, não ajuda. Nota-se. Constata-se! E parece, ninguém ter, como disto duvidar!

Chegados, agora, a mais uma tragédia com 296 vítimas de uma só vez, faz-se, com o senhor atrás referido e não só, a encenação para as televisões de muita emoção perante a catástrofe e caixões com mortos, em fila – imagens de Guerras! No dia imediato, por certo conduzido – este senhor e os outros – por motoristas em bons automóveis alemães, climatizados e perfumados, em direcção aos seus belos gabinetes, todos esqueceram o horror da véspera.

E perderem-se de uma assentada mais quase 300 vidas, e fez-se doer mais famílias destroçadas – todos têm famílias não só os importantes! – brincando-se uma vez mais de gabinete com os seres humanos que a esses gabinetes não têm acesso, como nem os animais selvagens são tratados e deixando-os morrer afogados.

E “parece” que da cartola aparecerão 30 milhões de euros para ajuda aos emigrantes que chegarão a Lampeduza, se dentro de dias não houver uma nega dos ricaços do Norte, e tudo na mesma ficar, com mortes a somar.

Se a Desunião Europeia fosse o que deveria ser, uma União, se as pessoas de gabinete aquecido ou arrefecido conforme a época do ano, e perfumado, e de automóvel topo de gama de luxo e motorista, encolhessem um pouco, só um pouco essas mordomias e superioridades, talvez fosse possível sermos todos mais humanos, e fazermos uma Europa não só Unida de facto, mas com respeito pela vida de todos e de cada um, e com futuro.

E, não é preciso ser crente para pensar que erramos demasiadas vezes, e pede-se desculpa, já se sabendo que se vai errar outra vez, e outra vez pedir desculpa e assim sucessivamente e unicamente reagindo à força das imagens – ai, se imagens não houvesse! Temos uma falta de vergonha sem limites.

Falta-nos a memória, a História para aprender que estamos a repetir erros colossais, sempre, sempre, e não respeitamos os outros como gostaríamos sempre de ser respeitados e não é necessário ir à Igreja para isto pensar, mas também fazer. E não é preciso ser crente para ouvir o Papa Francisco e neste aspecto lhe dar toda a razão. Mas parece que vai tudo acabar mal, por não haver vontade de fazer um pouco melhor.

Augusto Küttner de Magalhães

Outubro 2013

7 comentários:

  1. Caro Augusto

    Eu não estou bem de acordo consigo, conforme pode ver no texto abaixo referenciado.

    O caso recente com Angola mostra clara e pragmaticamente o que acontece se a Europa quiser resolver estas questões sózinha: Chineses, brasileiros e outros agradecem

    http://glosa-crua.blogspot.pt/2013/10/imigracao-miserias-e-responsabilidades.html

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  2. Em função dos nossos percursos de vida e do meio em que fomos inseridos moldamos o nosso carácter e aperfeiçoamos a nossa cultura humanística, social ou científica e agimos em conformidade. Qualquer indivíduo quer ser reconhecido como cidadão e por isso ter direito a opinião. Nem sempre as posições de pessoas bem intencionadas coincidem, e isso é natural e bom, porque prova que há caminhos diferentes para chegar ao mesmo destino. A história diz-nos que o homem tem vivido sempre em conflito, quer em problemas individuais, quer através das nações. Talvez numa ânsia de sobrevivência, que parece escapar a cada momento, e por isso descobre novas formas de luta e de organização. Daí, também, tanta divergência. Tal como o homem, individualmente, está marcado pelo seu percurso, as nações, como conjunto de homens, também o estão. Querer colocar no mesmo nível, Chineses (asiáticos), Brasileiros (americanos) e Portugueses (europeus) é um projecto que não resulta. Parabéns aos dois por, de forma correcta e civilizada, trocarem pontos de vista de alguma forma divergentes.

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  3. A lógica Capitalista que está por detrás de toda a política mundial não olha para estas tragédias humanas como assunto que lhe diga respeito. Sim, Durão foi lá e puxou com força pelas lágrimas que não saíram. Vai ele sair do cargo. Pudera, é detestado por todos, e com razão. Um cínico e incompetente. As pessoas sofrem horrores para fugir de guerras e miséria. Julgam que na Europa está o Paraíso. Mas não está. Só para uma minoria que consegue entrar e ficar. Muitos vão fazer da esmola o seu ganha-pão. É assim. O Capitalismo, pujante como nunca, não quer saber destas tragédias. Vidas? Números, mapas, gráficos, saldos, ganhos, perdas, estatísticas, paraísos fiscais, sim! Quantas Revoluções se fizeram pelas armas e nos trouxeram ganhos. A nós, povo, gente, pessoas, comuns cidadãos? o "5 de Outubro" foi pelas armas. O 25 de Abril foi pelas armas. Se estamos à espera de um Messias que nos vai salve desta trapalhada, estamos bem enganados. Os povos, a história o demonstra, maioritariamente foi pelas armas que conseguiram alcançar aquilo pelo que lutavam. O Pão a Liberdade a Justiça Social a Democracia a Dignidade só pelas armas se consegue. Os governos corruptos e fascistas que governam metade da Europa não vão abrir mão facilmente destas políticas ultra-liberais de favorecimento do grande capital. E não se esqueçam que são eles que têm o poder militar do seu lado. O Egipto serve de exemplo para que for ingénuo. Que saudades do Muro tenho!

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  4. Caro Amigo Pedro Carneiro
    O problema não está em fazer a revolução pelas armas, está em manter os valores para os quais se fez a revolução. O 5 de Outubro, 15 anos e alguns meses depois, deu lugar à ditadura. O 25 de Abril, a revolução dos Cravos, com o passar dos anos deu espaço à instauração de Governos de Cravas, que estão a destruir a nação e o nosso orgulho lusitano. Como diz o povo, casar é fácil, aturar o cônjuge e os filhos é que a porca torce o rabo. Por isso, só as armas não chegam. Um abraço fraterno

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  5. Caro Pedro Carneiro

    Não gosto de armas e muito menos de balas. O respeito pela vida humana é o maior valor. As armas de que fala do 5 de Outubro e do 25 de Abril de muito pouco serviriam se não houvesse uma grande adesão popular. Aliás, no 25 de Abril, admiravelmente, nem sequer foram necessárias. Quanto às armas da Revolução Francesa e do pós-revolução nem vale a pena a falarmos. Também não gosto dos muitos revolucionários que nascem no primeiro minuto depois de acabar a revolução.

    Também me custa a entender a sua nostalgia do Muro. Curiosamente, e apesar da grande quantidade de armas que o protegiam do outro lado, caiu sem balas, apenas pela força das pessoas. A larga maioria das pessoas que viviam do outro lado não partilha dessa sua nostalgia. O que pode mover e melhorar o mundo é essa força esclarecida das pessoas. É mais difícil do que dar tiros ou defenestrar gente, mas é a única forma duradoura.

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  6. Bom, fazer-nos reflectir sobre esta temática, civilizadamente, não temos que estar sempre de acordo, e ainda bem que o não estamos, mas é bom pensarmos estas temáticas, humanas.

    augusto

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  7. Naturalmente só as armas não resolvem nada, é necessário adesão popular. As de 5 de Outubro serviram para derrubar a Monarquia apesar de instaurar um regime pouco mais saudável mas isso são outras contas. No 25 de Abril não foram necessárias porque o regime estava destinado a cair, estava completamente podre. Mas tiveram de ser os militares a derrubá-lo! Não foi o povo, contrariamente ao que se diz. Sobre o Muro, visite os países que estavam do lado de lá do muro e veja em que situação a maioria das pessoas se encontra. Muitos melhoraram as suas vidas, mas tiveram de sair do país. Mas a maior carência que o Muro criou foi a morte dessa outra força ideológica (O comunismo) que mantinha os capitalistas com algum sentido de oportunidade e davam alguns benefícios (Segurança Social, Direitos no Trabalho, regalias, etc) que hoje despudoradamente estão a retirar. Agora, sem muro, o campo é todo deles. Desbravam à vontade porque não há perigo de vir aí qualquer ideologia que os decapite. Por isso a falta que o Muro faz. Vamos todos (!) europeus ocidentais e orientais pagar essa factura, por mais que o Papa vitupere contra a ideologia do dinheiro. Os gloriosos tempos do Estado Social criado na Europa no pós Guerra nos países do lado de cá do muro vai enfraquecendo principalmente nos países em crise. Por sorte na América Obama vai em sentido contrário mas veja-se a força reacionária que enfrenta!
    Saudações

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