quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Política das Ideias


No início dos anos setenta, do século passado, na Universidade de Harvard, desenvolveu-se uma obra de referência, no campo das ideias políticas, que reacendeu o debate em torno delas. Essa obra intitula-se: Uma Teoria da Justiça. Nela, John Rawls, enaltece que as sociedades humanas caracterizam-se tanto pela harmonia como pelo conflito. Harmonia, porque os seres humanos desejam a paz e repudiam a guerra, e ainda, porque tiram proveito vivendo juntos e cooperando uns com os outros. E conflito, porque a cada um deles interessa avidamente aglutinar os frutos da colaboração social tão amplamente quanto possível.
            A nossa sociedade de harmoniosa tem muito pouco, contudo, em conflitualidade, os exemplos multiplicam-se. As elites parasitárias, perdidas num materialismo desenfreado, olvidaram-se de actualizar as riquezas espirituais. Com a agravante de que anestesiadas de tanta euforia, não se lembraram que a democracia não é um regime estático. Pelo contrário, é um regime inacabado, que requer constante restauração e rejuvenescimento. Para “acrescentar valor”, permitam-me que use uma linguagem tecnológica, precisa de uns upgrades, nas mais diversas áreas, para não ficar obsoleta.
Acresce o facto de nunca termos tido uma verdadeira consciência supranacional, critica aliás, que pode ser direccionada também às elites políticas da (Des)união Europeia. Que ou inverte drasticamente o rumo, ou estará condenada à desagregação…
            Por isso, o tempo urge, reclamando a necessidade, que renasça uma sociedade mais justa e mais humana, para resistirmos de forma mais preparada à perigosidade que se alastra. Só dessa forma, será possível projectar Portugal na senda do progresso e do desenvolvimento, não só ao nível das riquezas materiais, mas, principalmente ao nível das espirituais. Para que deixe de ser uma miragem, o desejo de poder viver numa outra sociedade, onde não exista tanta desigualdade, tanta injustiça e tanta corrupção.  


Nuno Abreu

1 comentário:

  1. A escola prepara o cidadão para o conflito (competição) e a sua actuação social, logo que se liberta, é no sentido de ultrapassar todos os obstáculos, incluindo colegas concorrentes, para se realizar. Há prémios para os que têm melhores classificações e isso é correcto, porque premeia o esforço a as capacidades. Contudo, não há destaque para as acções de camaradagem, antes pelo contrário, se na aula estiveres a explicar algo a um colega és castigado. Assim, temos de mudar as finalidades do sistema de educação se queremos pessoas mais fraternas, que possam construir um espaço de amor ao próximo e viver num mundo melhor. Gostei do artigo. Parabéns!

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