segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Chegar ao poema


Os rios recebem, no seu percurso, pedaços de pau,
folhas secas, penas de urubu
e demais trambolhos.
Seria como o percurso de uma palavra antes de
chegar ao poema.
As palavras, na viagem para o poema, recebem
nossas torpezas, nossas demências, nossas vaidades.
E demais escorralhas.
As palavras se sujam de nós na viagem.
Mas desembarcam no poema escorreitas: como que
filtradas.
E livres das tripas do nosso espírito.
 
                                                                    
Conheci este fantástico poema do brasileiro Manoel de Barros (1916) através de Gonçalo M. Tavares (DN, 29-12-2013)

1 comentário:

  1. As palavras chegam limpas ao poema porque passaram primeiramente pelo coração.

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