quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

em O LIVRO EM BRANCO (página 37)



 as masmorras do poder
 
Se um dia estivesse nas escadas do poder
Ficaria num dilema sem saber o que fazer,
Mas se fizesse a contento uma acção de portento
Não sei se bastaria nesta vida-porcaria.

 Mas s’olharmos em redor da nossa normal vivência
Veremos a frustração desta mortal existência;
Mas olhando em redor deste calamitoso mundo,
Só guerras, crimes sem fim
De um poder nauseabundo.

 Guerras convencionais,
Lutas de guerrilha,
Guerrilhas de guerras-frias,
Armas normais,
Armas químicas,
Armas e mais armas,
Bombas de tamanhos vários,
Com medidas desmedidas,
Bombardeiam sem cessar
Corpos, destroços e vidas.

 Se morrem aos milhares
Famintos-diários na cadeia planetária,
É porque não há querer
Daqueles que nos degraus
Das escadas do poder
Se transformam sem pudor
Nos carrascos do terror,
Nos cangalheiros da vida,
Em tudo lembrando a morte,
Em nada lembrando pão, paz, amor.

 Se um dia estivesse nas escadas do poder
Ficaria num dilema sem saber o que fazer,
Mas não seria, eu juro,
O carcereiro das escadas do poder.

 nota: poema urdido na década de 70 do séc. XX

 José Amaral

 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.