sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Ouvir Portugal


«Ouvir Portugal», sem querer, tem dois sentidos: «ouvir Portugal» é, por exemplo, ler o que aqui neste espaço Público «gritam» os portugueses, como «choram», como desesperam, com o que se indignam... Será que os políticos lêem estas cartas dos leitores que se «dão ao trabalho» de pensar o país que amam? Não é mais esclarecedor para um político ler e ouvir o povo do que ler resultados eleitorais? Estas cartas explicam aos políticos o voto em branco, a abstenção alarmante ou o voto nulo...
Mas «ouvir Portugal» também é outra coisa: há portugueses que, embora não escrevam, chamam-nos à atenção para a beleza natural e mesmo a urbana das paisagens portuguesas, amando o país de um outro modo.
Admiro quem ousa fazer diferente, quem ousa seguir o seu caminho- ouvindo a sua voz interior ,que não pode ser abafada-, paralelamente ao desânimo, ao desemprego, à crise, à desesperança.
Há homens e mulheres que amam o seu país gravando os sons que «ele faz. Das matas às zonas ribeirinhas, das aldeias às cidades, do Barreiro a São Pedro do Sul. Há homens e mulheres que nos fazem pensar: «já ouviu, por acaso, as formigas, a água do rio, os moinhos, as histórias de vida dos seus vizinhos mais velhos, o sino da igreja da sua localidade, etc.?»
Não prestamos atenção ... andamos e corremos de ouvidos e olhos vendados...
Que desperdício de oportunidades e de beleza! Como disse Luís Antero ao jornalista do Público: "Comecei a ouvir a área onde habito . Nunca o tinha feito antes. É semelhante à poesia. (...) a poesia do local (...) sons que existem ali e não existem noutro sítio qualquer" ! (ÍPSILON, 10 jan. 2014).

1 comentário:

  1. Os politicos não ouvem o Portugal de hoje nem o de ontem.
    São surdos ao exterior porque só se ouvem a si próprios.
    Estão numa atitude autofágica.
    Alimentam -se de si próprios até ao momento que já nada restar, mas vai levar muito tempo pois engordaram muito com o nosso sangue.
    Ouvir a natureza!?
    Como? Se neles não há poesia.

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