quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O que faz uma pessoa como você numa crise como esta?


Pesquisando livros acerca da crise quase global que se instalou no mundo dito civilizado, um deles chamou-me a atenção, com o título ‘O QUE FAZ UMA PESSOA COMO VOCÊ NUMA CRISE COMO ESTA? ‘, da autoria de Leopoldo Abadia, nascido em Saragoça, no ano de 1933.

O autor é doutorado em Engenharia Industrial. É pai de 12 filhos e avô de 40 netos.

Por tal prole ter, assenta-lhe bem o grau académico obtido.

E, a dado passo e no prefácio do seu livro, ele perguntava: Que é feito da nossa soberania?

E, assim, escreveu: quando decidimos entrar na EU, sabíamos que iríamos ceder em termos de soberania.

Estávamo-nos a ‘casar’, deixávamos de ser ‘solteiros, livres como pássaros’. Já sabíamos. E entramos numa família que nos controla e é exigente.

Dá-nos dinheiro, mas sob condições. E isso é duro. Podemos ter saudades da nossa ‘vida de solteiros’.

Mais adiante focou o sistema de pensões e as suas duas opções:

‘1 – O modelo de capitalização, em que o trabalhador, ao longo da sua vida profissional, vai contribuindo com uma percentagem do seu salário com o objectivo de constituir um capital que permita, no momento da reforma, assegurar um rendimento suficiente para cobrir as necessidades económicas. Simplesmente, poupar hoje para viver amanhã.

2 – O modelo de redistribuição, em que a geração activa, que realiza pagamentos à Segurança Social, paga o valor das pensões às gerações já reformadas, que, por isso, não dependem do que trabalharam, mas do que os jovens sejam capazes de financiar.

Com menos jovens, maior é a dificuldade.

Assim, o modelo de redistribuição nasceu ao abrigo do Estado Social, proclamando como bandeira a solidariedade entre gerações.

Acontece que, para que haja solidariedade entre gerações têm de existir gerações, e quando não existem, está tudo estragado.

E como as gerações dos neoliberais -  em todas as vertentes desregradoras da condição humana e laboral e que nos têm DESgovernado anos a fio - são defensoras deste péssimo modelo de redistribuição, está tudo dito: daqui a pouco não haverá nada para ninguém, porque os jovens escasseiam, o desemprego é um flagelo, e tudo o mais é cada vez mais deprimente, em que o ser humano passará ou passou a ser apenas um ser descartável entregue à sua sorte existencial.

 Nota: publicado no JN de 24/2/2014, com alguns cortes, mas como o 'papel' é deles!

José Amaral

 

 

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