quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Horários de trabalho

Publicado hoje no Costa do Sol Jornal - na rúbrica "Palavras e Sonhos"

 
Os horários de trabalho têm uma história longa de avanços e recuos mas com o evoluir das sociedades parecia haver uma estabilidade nos avanços e até uma certa abertura para os melhorar.
Se nos debruçarmos no tempo da escravatura existem estudos e chamadas de atenção não só para as doenças que dizimavam os povos em escravatura e mudados de clima e hábitos alimentares, como se “descobriu” que um ser humano explorado, cansado não assegurava correctamente as suas tarefas e surgiram alguns senhores que regulavam as horas de trabalho para não verem morrer o seu empate de capital.
Lembremos o 8 de Março de 1857 e o sacrifício das mulheres que lutaram por 10 horas de trabalho em vez das 16 horas. Este dia é assinalado desde 1910 como o dia Internacional da Mulher. Mas ao contrário de ainda alguns ligarem este dia à “importância de ser mulher” ele deve ser recordado como conquista de melhores horários de trabalho para todos nós. Melhores horários… sim pois numa sociedade civilizada e progressista o trabalho deve ser respeitado mas devemos ter tempo para ver o Sol.
                Recordemos “Luisa sob a calçada” de António Gedeão … “Saiu de casa de madrugada; regressa a casa é já noite fechada”.
                Mas agora, no nosso País desregulado, querem aumentar o horário de 35 horas para 40 na Função Pública. Em vez de organizarem os serviços, nesta fúria de corta – corta para responderem a uns troikanos, os nosso tenrinhos que chegaram ao Governo –( muitos deles sem saberem o que é trabalhar) – pensam que resolvem tudo com horários mais longos. Um ser humano cansado, com problemas de mobilidade porque também nesta área existem muitas deficiências, com o coração apertado pelos filhos e familiares que precisam de mais assistência, não poderá produzir mais só porque o horário é mais comprido. 
                Muito haverá a dizer e tanto é assim que muitas Câmara Municipais têm encontrado maneira de não aplicar esta “imposição” e têm mantido as antigas 35 horas. A C M Oeiras apesar de alguns desencontros no seu executivo tem tido algumas posturas de diálogo com o STAL esperando-se um desfecho positivo. O bom senso irá imperar se não teremos de juntar forças e insistir. Desistir não será certamente o caminho dos trabalhadores. 
 
Maria Clotilde Moreira

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