segunda-feira, 26 de maio de 2014

Euro, crónica duma morte anunciada

A pretexto da 12ª avaliação e da saída da troika muitos comentadores andaram nas últimas semanas a apregoar que o governo não tem um plano B, no caso do Tribunal Constitucional declarar fora da lei algumas das normas do Orçamento Rectificativo.
Em bom rigor, há pessoas que não justificam a notoriedade que têm. É que o governo, apesar de o negar repetidamente, não só tem um plano B, como tem um plano C, como tem um plano D, aliás o governo tem planos para lixar os portugueses e o Estado Social que contemplam todas as letras do abecedário.
Passos, Portas, Maria & Cª, andaram 3 anos a viver à sombra da troika para justificar mais cortes nos salários, nas pensões, na saúde, na educação e na segurança social, porque nas ruinosas PPP e nas grandes fortunas não se toca por imperativos ideológicos.

Mas, para além das consequências desastrosas que nos caíram em cima, também temos que identificar as causas da calamidade.
Se pensarmos um pouco, encontramos a origem do desastre económico nas opções políticas dos últimos 30 anos. Em troca dos subsídios da CEE deixámos de produzir e em troca dos apoios dos QREN da U.E. ficámos prisioneiros da moeda única. Nesta altura o euro sobreavaliado é para Portugal e para restantes países da Europa do Sul a mãe de todos os males da economia. O euro foi uma ideia dos franceses no tempo de Miterrand. A França exigiu à Alemanha a moeda única em troca do apoio à reunificação, mas já nessa altura eram os alemães e os países do norte que dominavam o sistema monetário e a alta finança e com o euro a Alemanha consolidou e alargou o seu domínio a toda a Europa. O euro para ser uma moeda razoável para todos, exigia um estado federal mais ou menos como os Estados Unidos da América. Mas isto é ficção, numa Europa dividida por estados que se digladiam há muitos séculos por fronteiras e por colónias. É isto que o governo não quer ouvir, muito menos entender, sobretudo porque está refém das teorias radicais e dogmáticas do neoliberalismo, que só vê o Estado Social como um empecilho ao expansionismo dos grandes grupos financeiros, que dominam a economia à escala global.
A derrocada do euro e da União Europeia tal e qual existe é inevitável. Se não aceitarmos esta má realidade e se não mudarmos de política e não tomarmos medidas urgentes e patrióticas como a denúncia do Tratado Orçamental e a renegociação da dívida pública a nossa desgraça será ainda maior. Entretanto, na Europa o nacionalismo soma inquietantes apoios, não só nos velhos aliados da alta finança, mas sobretudo nos votos e na abstenção…

Carlos Pernes

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Estou completamente de acordo com o texto do sr. Carlos Pernes, é urgente mudar de políticas que já provaram não resolverem os problemas do país, antes pelo contrário agravam-nos. Por isso parabéns ao autor do texto em questão e parabéns á amiga Maria do Céu por o publicar no seu blog. Com um abraço amistoso.

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