terça-feira, 3 de junho de 2014

A DIMENSÃO DO PROBLEMA


Eu fico pasma com estas declarações do nosso primeiro ministro.
É preciso uma lata sem limites para dizer, sem se rir nem gaguejar, que a decisão do Tribunal Constitucional colocou o Governo numa situação “complexa” e que. passo a citar “Nós só podemos resolver um problema quando soubermos qual é a dimensão desse problema. E nós não sabemos ainda qual é a dimensão desse problema".

Ora , ou ele acha que nós somos todos burros ou ainda não percebeu que esta guerra de alecrim e manjerona com o TC pode colher alguma simpatia entre aqueles que o Governo tem, com bastante sucesso diga-se em abono da verdade, instigado contra os funcionários do estado, como se eles fossem portadores do vírus do Ébola e fossem os grandes responsáveis por todos os males do país, mas é uma falácia e uma falsa e mal intencionada questão.

Se o senhor 1º ministro, o tempo que gasta a acicatar os ânimos contra os funcionários do Estado, tivesse coragem para ser verdadeiramente um homem de estado, chamasse os “bois pelos nomes” e cortasse onde tem que ser cortado, o chumbo do Tribunal Constitucional  (que quer o senhor primeiro ministro queira quer não, enquanto existir tem que cumprir o objectivo para que foi criado, ou seja assegurar que a Constituição da Republica não é violada ), nem sequer seria motivo de conversa porque não teria existido.

Sendo ainda mais curta e grossa, um Governo que insiste reiteradamente em violar a Constituição ( concorde-se ou não com ela, não estou a discutir isso agora ), só pode fazê-lo por questões de táctica política. Primeiro porque já sabe de antemão o desfecho e depois porque sabe também que tem a cobertura do Presidente da República e enquanto o “pau vai e vem”…

O que deveria preocupar o Governo é porque é que não tem dinheiro e não precisa escavar muito para saber a resposta.
O problema não está na Função Pública e o senhor primeiro ministro sabe-o bem, , apesar de eu ser defensora de uma reforma do estado, séria e ponderada.

O estado teve que pedir dinheiro para tapar os grandes buracos que são tabu e sorvedouro do dinheiro de todos nós, mas que são intocáveis, a saber ( e vou só dar um “cheirinho” : a falência do BPN e do BPP,  as rendas à EDP, às várias PPP, as conceções das auto estradas. O estado tem que pedir dinheiro emprestado para poder sustentar os benefícios fiscais dados  a grandes grupos económicos . O estado tem que pedir dinheiro emprestado para pagar as mais de 4000 nomeações, para amigos, que fez desde que este governo entrou em funções ( à semelhança, aliás dos que lhe precederam ).

Por isso senhor primeiro ministro, deixe-se de tretas, de manipulações porque o senhor e o resto da pandilha portuguesa e europeia sabe bem onde está o problema, mas como coragem para lhe mexer é algo que não abunda, vamos lá culpar a Constituição, o tribunal Constitucional e os desgraçados dos funcionários públicos porque como diz o outro pulha “ eles aguentam”.

Nós sabemos que o senhor não vai desistir e que mais cedo ou mais tarde voltará à carga sobre os Funcionários Públicos, o saco de boxe e a manjedoura para os seus jogos de poder, mas por favor, não nos trate como atrasados mentais porque a malta ainda não foi toda lobotomizada e não somos todos marionetas como o senhor imagina.

A estratégia de por o público contra o privado ainda vai resultando porque infelizmente a manipulação da informação é feroz e mal intencionada, mas tenho esperança que virá o dia em que os portugueses, trabalhem eles onde trabalharem perceberão que foram enganados e que a Europa se tornou numa corja de malfeitores que usam os povos para alimentarem  um polvo cujos tentáculos  começam a ser demasiado fortes até para eles…e um dia a coisa corre mesmo mal.~

Até lá e porque é o meu país que me interessa, não admito que senhor Rehn fale do meu país nestes termos: "É frustrante termos de falar três vezes ao ano" dos chumbos do TC, nem admito que a Troika “exija novas medidas de austeridade o mais rápido possível “.

Não ponho em causa que Portugal tenha que pagar o que deve, mas não enganem as pessoas com manobras de diversão e desculpem-me o vernáculo – tenham tomates, de uma vez por todas para mexer onde tem que ser mexido e deixem de arranjar bodes expiatórios para a incapacidade política de actuar onde estão os “tumores”.

Uma última palavra para o Dr. Medina Carreira, pessoa que durante muitos anos ouvi com interesse e com quem aprendi muita coisa – as suas muito infelizes ultimas declarações de que se o Tribunal Constitucional “pudesse desaparecer, o país só beneficiaria”, só podem ter uma explicação – ou o senhor enlouqueceu ou está com uma senilidade avançada.

Se a nossa Constituição não serve os interesses do país ou está desajustada aos tempos e contextos socias que viemos, haja coragem para a mudar, mas por favor. Dizer uma coisa destas é tão absurdo que até vou fazer de conta que foi um “lapsus linguae”.

Posto isto…acho que vou comer um bocado de bolo de chocolate porque estou esgotada e estou a precisar repor os níveis de açúcar no sangue…isto antes que mo suguem todo.




Sem comentários:

Enviar um comentário

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.