quinta-feira, 17 de julho de 2014

O clima de impunidade do mundo financeiro

Não é deste tempo, vem já detrás, o clima de impunidade que atravessa o mundo financeiro, cujos actores se permitem os maiores desmandos, para imporem os seus interesses, por regra, traduzidos ou convertíveis em moeda, preferencialmente, o euro, o dólar ou a libra.
Seja a céu aberto, designadamente, no mercado bolsista, seja às escondidas, nos mercados – mistério (os offshores, por exemplo), eles actuam, por actos ou omissões, na mira de saírem sempre vencedores/ganhadores e com os bolsos cheios.
E, no meio de tudo isto, sempre se acharam incólumes, por nunca serem o alvo de perseguição criminal ou contraordenacional, ou ainda de outro tipo de medidas, civis/administrativas (os poucos exemplos que parecem contrariar essa situação são a ponta de um iceberg ainda por descobrir).
E o facto é que, face à gravidade do que se está a passar actualmente com o BES e o seu “polvo”, não se conhece nenhuma iniciativa do Governo ou do Ministério Público, no sentido de minimizar os danos com que iremos ser confrontados.
Nem a instauração de procedimentos criminais ou contraordenacionais, nem a tomada de providências cautelares, para evitar a delapidação de patrimónios de entidades empresariais, como sejam, o congelamento de contas bancárias, o arresto de bens e a apreensão de viaturas, etc.
Enfim, como diz o povo, na sua sábia linguagem, “é fartar vilanagem”.

Guilherme Fonseca
(Juiz conselheiro jubilado)




2 comentários:

  1. Sábias palavras do senhor juiz conselheiro jubilado. Mas seria 'a cereja no topo do bolo' se individualidades com esta se juntassem firmemente combatendo a impunidade que grassa na Justiça, que defende os poderosos e maltrata o desprotegidos, que mais dela precisam.

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  2. Infelizmente, os magistrados aplicam a justiça, mas só usam as ferramentas legais que os políticos lhes dão, que, quase por norma, são inofensivas, placebas, para os poderosos deste país! Quando o Zé-Povo denuncia qualquer poderoso, ou não vê justiça feita ou até mesmo sofre efeito de boomerang! Infelizmente, na minha mera opinião pessoal, o atual poder judicial tem o seu "Poder" muito limitado e a sua execução muito, mesmo muito limitadíssimo, e no final, "a culpa morre solteira".
    Resumindo: Portugal tem os PODERES que merece, porque se estiverem mal que o Povo os mude! Que Povo? Isto de se ter uma Justiça , dita igual para todos, mas com centenas de recursos, a que recorrem os bons alpinistas de recursos, com boas botas e pitons, com os milhões disponíveis para subirem, degrau a degrau, a escada da justiça até à prescrição ou absolvição final, mais parece cenas duma ópera bufa! O desgraçado Zé-Povinho, teso, desempregado, a recibos verdes a amarelos, com trabalho e vencimento precário, esse fica-se logo pela primeira instância e, então, ó, que maravilha! ver como a justiça funciona, rápida!.
    Será que o Poder Político; o Legislativo, está interessado em agilizar a Justiça, reduzindo o números de recursos disponíveis? Ó estás.
    Reduzam os recursos em 90% e vejam o efeito, mas, claro, ó que chatice, seria o desemprego para centenas de agentes judiciais, digo eu; cidadão Silvino Taveira Machado Figueiredo, que gostaria de viver numa REPÚBLICA, não numa corte de lacaios, subservientes ao capital, adorando o deus do Ter em detrimento do Ser. Se ao menos, também, tivéssemos uma TROIKA a limpar o lixo tóxico legislativo! Assim não. Cantamos uns fadinhos, vamos ao futebol e de vez em quando vamos a Fátima, para que haja um milagre, mas eu não sou crente.

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