domingo, 6 de julho de 2014

O ovo de Colombo

Santana-Maia Leonardo - Público de 2/7/2014
Agora que os estudiosos do Banco de Portugal e da OCDE concluíram que os países onde não existem reprovações no ensino obrigatório são os países onde os alunos atingem o mais alto rendimento, vou transcrever um texto que ando a (re)publicar desde 1990 em jornais regionais e que os jornais nacionais se têm recusado a publicar:
"E se acabassem as reprovações na escolaridade obrigatória, a situação só por si melhorava? É óbvio que melhorava e em benefício de todos: alunos, pais, empresários e contribuintes.
Em primeiro lugar, os professores podiam ser exigentes, cabendo aos alunos, se quisessem ter boas classificações, trabalhar e esforçar-se para isso. Neste momento, os alunos passam, praticamente, todos com nível 3. Com o fim das reprovações, uns passariam com 2, outros com 6 e outros com 16 valores. Era, aliás, fundamental que, com o fim das reprovações, as classificações passassem a ser de 0 a 20, para serem mais informativas, diferenciar os alunos e premiar o mérito, e fossem introduzidos os exames nacionais no fim de cada ciclo para aferir as classificações e avaliar os professores.
Em segundo lugar, as classificações e os certificados de habilitações passavam a ter, consequentemente, credibilidade e valor informativo porque reflectiam o que os alunos efectivamente sabiam.
Em terceiro lugar, os alunos que, no actual sistema, reprovam (ou passam por favor) poderiam, por um lado, iniciar o novo ano lectivo logo integrados em turmas de recuperação às disciplinas a que não tinham obtido aproveitamento e, por outro, não ficariam impedidos de prosseguir os estudos nas disciplinas a que obtiveram aproveitamento. Ou seja, não só tinham mais possibilidades de melhorar às disciplinas em que tinham dificuldades como também não ficavam a marcar passo nas disciplinas a que obtiveram aproveitamento.
Em quarto lugar, evitava-se que alunos matulões e cheios de vícios liderassem turmas de alunos mais novos e com vontade de aprender. Se os alunos acompanhassem sempre os da sua idade, grande parte dos problemas de disciplina dentro da sala de aula seriam evitados.
Finalmente, reduzir-se-iam em muitos milhões de euros os custos na Educação (cerca de 20%) com a vantagem de se aumentar a qualidade, premiar o mérito, diminuir a indisciplina e apoiar, efectivamente, os mais necessitados."

2 comentários:

  1. Fui professor cerca de 30 anos e estou plenamente de acordo com o conteúdo deste artigo. Aliás, embora à boca pequena, troquei impressões sobre este assunto, repudiado, em geral, pela classe, porque iriam para o desemprego 25% dos docentes. São situações tão evidentes que estão na linha de outras que igualmente contribuem para a desorganização a que chegámos. Este país já não tgem cura, porque criou uma estrutura tal que se alimenta das enfermidades. Parabéns por ter levantado, mais uma vez o problema.

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  2. Os jornais nacionais têm de dar lucro; portanto o Capital só deixa publicar o que lhe interessa. O resto é pura demagogia.

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