domingo, 3 de agosto de 2014

Morri sem saber porquê, à porta de um refúgio de paz



O meu nome é Selma: a amiga da Paz. Foi esse o meu nome, nos vinte dias que vivi na terra dos homens.

Agora, que voltei a casa de deus, não sei como me chamo.

Regressei ontem e ninguém me deu explicações. O que fui lá fazer se foi por tão pouco tempo?

Morri, ainda nem vivida, à porta de um refúgio de paz, com o nome que me deram por engano.

Vivi vinte dias sem ter tido tempo para aprender a dizer Amor – de todas, a palavra que eu mais gostaria de desfrutar .

Vivi para aparecer – morta - numa fotografia, notícia efémera nas televisões nesse mundo dos homens.

Amanhã, estou definitivamente esquecida. Hoje, no universo dos deuses, continuo esquecida.

Um pedido de desculpas, seria suficiente.

Gostaria de poder voltar uma vez mais a essa terra estranha, e chamar-me Shalom (paz), e ficar por lá algum tempo a brincar com as outras crianças.

Gostaria, mas os deuses ainda são mais casmurros que os humanos, e as birras de meninos mimados que fazem cá em cima, desnorteiam ainda mais os homens, que na realidade servem-se deles (dos deuses) para justificar as suas desumanidades.


Tenho que pôr um ponto final nisto!

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