quinta-feira, 25 de setembro de 2014

subida do salário mínimo: sempre é melhor que nada

É dos argumentos mais repugnantes que ouço para justificar o aumento em 18 euros do salário mínimo, o que equivale a cerca de 50 cêntimos diários: sempre é melhor que nada. A questão, não se prende, obviamente, com o "sempre é melhor que nada", mas antes com a dignidade das pessoas que recebem o salário mínimo. Já o escrevi e hoje tive oportunidade de ouvir, num fórum televisivo, um pedreiro usar o mesmo argumentário: pago 300 euros de renda de casa, 70 de eletricidade e gás, vinte de água, [não sei quanto] de passe social... gostava de ver o sr. primeiro-ministro governar-se com o salário mínimo.
Ou seja: não se pode gizar o valor do salário mínimo a régua e esquadro. Este tem de dar para viver com dignidade. É um dos pontos estruturantes de um país que se deseja civilizado.
Ainda a este propósito, a triste coincidência de andarmos a discutir uns eventuais 150 mil euros que o sr. Passos Coelho não se recorda de ter recebido, nos idos anos 90, pelo trabalho prestado na Tecnoforma. Não tenho dúvidas que o pedreiro que ouvi na televisão se recorda dos 150 euros que eventualmente tenha recebido por um trabalhinho de há quinze anos atrás. Somos ou não somos um país de desagradáveis assimetrias?

1 comentário:

  1. Num país onde uma renda de habitação anda pelos 350€, mais os custos de água, luz, gás, tv, telefone e transportes para o trabalho, pois este não fica logo na rua onde habitamos, um salário de 454€ mensais (líquidos), é uma vergonha e uma sentença de miséria permanente. Isto dói, mas só dói a quem tem sentimentos, e esta escumalha, que nos governa, não os tem.

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