sábado, 1 de novembro de 2014

As greves são fatores d e progresso.

GREVES FATORES DE PROGRESSO.
A greve é um fator de progresso, usado pelos trabalhadores para obterem melhores condições de trabalho, sociais ou remuneratórias.

Em Democracia é concedido o direito à greve de quem trabalha, desde que previamente anunciada!

Sem dúvida que, regra geral, quando acontece uma greve é sinal que se chegou a um ponto de rutura entre as partes envolvidas; a do empregador e do trabalhador, que não concorda com a não evolução das condições existentes ou oferecidas!

Uma greve, pela quebra da rotina que origina, causa sempre anomalias de toda a ordem, atingindo partes terceiras que neste processo não estão envolvidas. Quando há uma greve de médicos os doentes ficam prejudicados, quando é na área dos transportes a mobilidade dos utentes fica prejudicada, quando é dos lixeiros a saúde pública fica em perigo, etc. etc.

O que não se pode, em Democracia, é conceder o direito à greve e depois ter-se a utopia de esperar que as greves ocorram quando não façam sentir seus efeitos;
do género dos trabalhadores fazerem greve aos domingos ou nos seus dias de folga ou quando ninguém deles precisa.

No desenrolar da greve, normalmente, a costela de ditador de cada prejudicado vem ao de cima com expressões do género:
-“Se fosse eu lixava os gajos. Despedia-os a todos"

Curioso que, depois de iniciada uma greve, porque ambas as partes não cedem, são todos muito firmes; os que querem aumentos e os que os não dão. Porém, após o aviso de greve e verificada a sua concretização, em muitos dos casos os prejuízos são de milhões! A pergunta é: quem paga agora os prejuízos verificados? A resposta é todos e ninguém. As Administrações das empresas públicas, CP, TAP, por exemplo, não pagam os prejuízos, porque as companhias não são dos administradores, que lá estão só a ganhar o deles e brincam, fingindo que são muito firmes, mas depois cedem!
Têm que ceder, porque a força é sempre de quem faz e não de quem pensa que manda, mas que não sabe fazer!

O esquema é sempre o mesmo. Os trabalhadores são obrigados a fazer greve, porque, passadas rondas e rondas de negociações nada conseguem, porém, depois de anunciarem ou começarem a greve originam os tais milhões de prejuízo, mas conseguem algumas melhorias. A pergunta é, por que é que antes a entidade patronal não mitigou as reivindicações?.

Quando digo que as greves são fatores de progresso, é no sentido de que ajudam as empresas a serem mais competitivas e para melhor poderem remunerar seus trabalhadores (agora há a finess de lhes chamarem colaboradores!).

Uma das características dos empresários portugueses é a dificuldade em aceitarem o conceito do direito e o exercício à greve por parte dos seus trabalhadores. Se antes da greve pouco se preocupam em tentar melhorar as condições de trabalho, uma vez verificada a greve logo partem para ferozes retaliações.

Vou tentar exemplificar porque é que uma greve é fator de progresso.
Um empresário instala uma fábrica de qualquer produto, vamos imaginar de chupetas, Um trabalhador, ainda jovem, entra para a empresa, passados cinco anos casa, depois tem filhos. Verifica então que há dois anos que não é aumentado e está em dificuldades para prover alimentação, cuidados de saúde e de educação ao seu agregado familiar. Vai ter com o patrão, (que até ainda de tal nem sabia) mas que entretanto, tinha comprado um Mercedes para ele, um BMW para o filho, tinha construído uma vivenda, com piscina, jacuzzi, sauna, mais umas massas nas off-shores, etc, etc.

Ah, mas, entretanto, as chupetas estavam a vender-se mal. Porquê?
Porque os equipamentos na sua fábrica ainda eram os mesmos, desde a sua instalação. Estavam obsoletos .Confrontando o trabalhador e o seu pedido de aumento, argumentou que (até mostrou as contas) que xis para a matéria prima e mais xis para a energia e outros fatores de produção, incluindo a remuneração aos trabalhadores, não havia margem para aumentos. O trabalhador até podia ver as contas!
–“Nós estamos a vender menos chupetas, porque as que são feitas na Alemanha são mais baratas, mas os trabalhadores lá ganham o dobro de mim e dos meus colegas! Se o senhor não me pode aumentar, a mim e aos outros, fazemos greve”, respondeu o trabalhador.

O empresário só tinha duas hipóteses, ou, também ia embora, fechando a fábrica, ou então teria que tentar remediar a situação para interesse dele (mais uns miminhos para ele e para os seus) e dos trabalhadores. Foi então que viajou até à Alemanha, verificando que havia novas máquinas que permitiam fazer o dobro das chupetas em metade do tempo do seu obsoleto equipamento! Regressou. Depois, o que fez? Não comprou um Jaguar para a filha nem trocou o do filho, mas sim reinvestiu em modernos equipamentos (o que nunca tinha feito) e em novos métodos de gestão, o que permitiu estar no mercado em condições concorrenciais, recuperando clientela.

Claro que também já não precisava de tantos trabalhadores, porém, os que ficaram ao seu serviço permaneciam já eram melhor remunerados.
Afinal, a greve tinha sido um fator de progresso, tinha-o obrigado a modernizar a fábrica, caso contrário nem para ele nem para os seus trabalhadores, nem para o país.

A tendência dos nossos empresários é esquecerem-se de reinvestirem, permanentemente, nas suas empresas, em tecnologias novas para assim estarem na vanguarda dos serviços ou bens oferecidos, porque com equipamentos degradados ou obsoletos degradam-se as empresas, degradam-se as condições sociais e degrada-se o país!

Depois surgem as greves; fatores de progresso, para empurrarem os empresários a serem mais inteligentes! Não adianta, depois, dizerem que as greves são prejudiciais. Prejudiciais são os patrões, que deixam a pressão aumentar e teimarem em diminuir direitos e imporem condições terceiro-mundistas.

O caminho é o progresso, não o retrocesso.
Greves, embora nunca desejáveis, quantas necessárias, em direção ao progresso.

Pena, por falta de cultura política do povo, este fica contra os grevistas, quando afinal eles apenas estão a ajudar a desenvolver a empresa onde trabalham.

Para bem de todos, incluindo o dos patrões, em democracia os sindicatos são imprescindíveis, quanto mais fortes melhor, para, como pilares de concertação social, para o bem da paz social nacional.

Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo.
Reformado da TAP , (que fez todas as greves) que desempenhou, as funções, durante alguns mandatos, de coordenador da Sub-Comissão dos Trabahadores da Tap/AirPortugal. no Porto.
Gondomar

1 comentário:

  1. Ou o patrão estava em situação de falência, porque a concorrência e a modernização que não pode acompanhar a isso o conduziu ........ blá, blá, blá....

    ResponderEliminar

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.