segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O caminho está aberto

Eles abriram o caminho…

…e as pessoas acordadas logo se juntaram, organizaram e gritaram “esta é a madrugada que eu esperava”. Foram dias de muita alegria. Os presos políticos vieram para junto das suas famílias e todos íamos abrindo o coração e as palavras saltavam sem medo e cantaram…”A paz, o pão, habitação, saúde, educação…” O salário mínimo fixado, as férias e os subsídios para nos ajudar a ir até à praia. E acabou a guerra que estava a matar os nossos jovens. E alguns mais esclarecidos voltaram-se para a Terra – os baldios, as coutadas, arrendamentos rurais e até se voltou a ler a lei das Sesmarias.

Organizou-se os sectores básicos da economia, estabeleceu-se o serviço cívico estudantil, e o direito à licença de maternidade e tantas mais coisas que, apesar de exigirem muito do povo trabalhador criava expectativas de ser possível traçar um caminho que, embora não ser só facilidades, haveria uma certa estabilidade para criarmos uma Família e dos filhos esperarmos os nossos netos.  

O quê? Ali “onde a acaba a terra e o mar começa” são eles a mandar?!
E vieram “os mordomos do universo que vieram beber o vinho novo”  e hoje apesar das muitas lutas há muitos que ainda não perceberam que não devem ir por ali, que temos a nossa terra, a nossa história, os nossos netos que podem e devem ter futuro, aproveitar este Sol que nos enche a alma. Ah! mas fizeram dívidas!? E agora têm de pagar! Claro que temos de pagar mas podem ser pagas sem esventrar os nossos corações. Há alternativa aos desmandos, há outras soluções.

Eles abriram caminho há quarenta anos! Está nas nossas mãos não desistirmos e obrigar que os ventos mudem e nos tragam Esperança.    

Jornal Público de 17/11/2014     



4 comentários:

  1. Esperança!!
    Pensar positivo - temos menos a perder.

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  2. Nada cai em cesto roto. Alguma flor e pão um dia brotarão.

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  3. Muito lindo este texto. Infelizmente muito boa gente que dá apenas valor ao ter e não dá valor ao ser, já se esqueceu das portas e do caminho que Abril abriu. Mas tal como nos 48 anos de ditadura, continuará a existir homens e mulheres que resistem contra esta "ditadura" do capital a quem alguns manhosamente agora apelidam de "economia de mercado" e lá vão vendendo Portugal. Contra tudo isto, Lutar é que, é pensar e agir positivo.

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