quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

em O LIVRO EM BRANCO - página 60

Eles estão nos meus olhos, no meu corpo, no meu coração

Era o dia do Senhor.
Dia quente a abafado de Setembro,
antevendo mais um fogo,
dos muitos atiçados por lúciferes,
que campeiam imunes
por este queimado Portugal.

A sirene toca mais uma vez
chamando homens bons para os infernos.
E lá vão eles, de futuro nas mãos e de
corações verdes, para os matagais de Dante.

Troveja ao longe.
Os raios riscam os céus.
O tecto baixa cada vez mais.
À tormenta dos elementos, junta-se a dos homens.
O ar torna-se pesado e irrespirável. Sufoca-se.
E a tragédia desaba, em lufadas de lava e mantos
de negro, sobre os Heróicos Homens da Paz
das terras de Armamar.

E assim pereceram
estes Heróis tão simples,
mas morrer assim
não o mereciam.

Poema publicado, em 31/10/1985, no mensário NOTÍCIAS DA BEIRA-DOURO,
reavivando a tenebrosa tragédia da morte de 14 bombeiros da dizimada Associação dos Bombeiros Voluntários de Armamar no fatídico dia 8/9/1985.

nota - estive no funeral, que teve a presença oficial do senhor general Ramalho Eanes, então PR.


José Amaral

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