Qual é a palavra?

Mais uma vez meditabundo, numa cogitação habitual, dei comigo a pensar numa palavra que há muito não a escrevia e nem sequer nela pensava, mas que, mesmo esquecida entra em muitas artes corruptoras, se usada no sentido mais negativo do termo.

Assim, lá fui à procura da sua significação. Consultei o Dicionário Prático Ilustrado de Lello & Irmão – Editores, de 1971; o Dicionário Enciclopédico Koogan Larousse, de 1980; a Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, da Verbo; e, por último, a Lexicoteca – Moderna Enciclopédia Universal, do Círculo de Leitores.

Eis, pois, a significação encontrada: figura simplificada que serve unicamente para a demonstração, e que representa, não a forma, mas as relações e as funções dos objectos. Resumo ou projecto de decreto …. Desenho que conserva apenas os traços principais do original representado …. Plano de uma obra literária, de uma teoria. Forma de natureza intermediária entre a representação ou a imagem e o conceito abstrato. Ou, filosoficamente falando, representação formal dos vocábulos, sendo que, para Leibniz, é a essência e rasgo distintivo das mónadas (substâncias simples, activas, indivisíveis, de que todos os entes são formados). Kant definiu assim o vocábulo: representação de um conceito intelectual e situou-o entre os conceitos puros e as percepções.

Isto é, para mim, é o modo vocabular usado para se fazerem todas as tropelias, todas as falcatruas, todos os delituosos desenrascanços, engenharias financeiras altamente duvidosas, parcerias publico privadas altamente lucrativas só para uma parte, criminosa dupla contabilidade e tudo o mais que desagua em corrupção.

Então aqui vai o nome do vocábulo/modo/palavra – ESQUEMA.

José Amaral