quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

TAP, dores de cabeça e caneladas



Há quem diga que uma forma de fazer passar uma dor de cabeça é, sobre esta, apanhar uma canelada. A dor de cabeça passa despercebida com a “sobredor” da canelada.
Na sua estratégia “política”, não tem sido raro este Governo associar esta “teoria” à incompetência e mistificação, bem como à fragmentação e coacção social.
Um exemplo é o de quando, em 2012, depois da dor de cabeça induzida aos portugueses pela tentativa de corte dos subsídios de férias e de Natal, o Governo, barrados esses intuitos pelo Tribunal Constitucional, lhes arriou com a canelada das alterações discriminatórias à TSU. As marcas desta canelada, apesar de atenuadas com a “caminhada” de 15 de Setembro, “diminuíram” a dor de cabeça do “enorme” aumento de impostos que se seguiu.  
Outro exemplo foi em 2013, com o anúncio do sobrecorte de 10% no subsídio de desemprego, canelada que, apesar de abafada pelo clamor surgido, serviu para “diminuir” a subsequente (real) dor de cabeça dos efectivos cortes nesse subsídio e em quase todas as outras prestações sociais.
Outros exemplos poderiam dar-se. O mais recente foi com a TAP. Nos trabalhadores não representados por sindicatos que deixaram de se opor à privatização, desistiram da greve e “se sentaram” com o Governo, nesses trabalhadores menos “colaboradores” (para além de no Código do Trabalho e, já habitual, na Constituição), vá de ministro e secretário de Estado (declarações de15 Janeiro) arriarem a canelada de dizerem que não lhes seriam “estendidas” as cláusulas do caderno de encargos com protecção (temporária) de direitos laborais.
É certo que, de seguida (16/1 na AR), o primeiro-ministro “interpretou” melhor (que remédio, dura lex sed lex) o “espírito” do ministro e veio “massajar” a canelada. E assim - lá terão pensado os ideólogos (?) desta “estratégia” - até é capaz de “abrandar” a dor de cabeça da privatização e consequente risco para todos de, em breve, haver mesmo perda de direitos e despedimentos (e, em geral, prejuízos para os portugueses e para o país) para aumentar os lucros dos compradores.
Mas tem riscos esta estratégia “política”. Um deles é o de os portugueses se tornarem menos “pacientes” e “resilientes” e, como cidadãos, retribuirem as “caneladas”. O que pode levar a que o Governo seja expulso por … “jogo perigoso”.
 

João Fraga de Oliveira, Sta Cruz da Trapa

4 comentários:

  1. Saúdo com grande contentamento a entrada no nosso blogue, mesmo que através da Céu Mota, de um dos '12 cavaleiros de Os Leitores também escrevem' - o JOÃO FRAGA DE OLIVEIRA -, pois todos fazem falta para o nosso comum enriquecimento intelectual, bem como sabermos uns dos outros.
    Seja, pois, BEM-VINDO!

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    1. Muito obrigado, amigo José. Não estar aqui mais regularmente convosco deve-se a meras dificuldades cibernéticas, verdadeiras (auto)restrições à liberdade de expressão ... por "nabice" minha.
      Vou tentar "ajustar-me" (ainda) mais ... à Girafa. É uma hipótese de ressuscitar os textos que vão para o "cadafalso", como há alguns dias escreveu o Joaquim Moura, no Público. Um abraço.

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  2. Uma análise rigorosa e sério na «inspecção» às caneladas do actual desgoverno do PSD/CDS e à canelada mais recente de tentar abrir caminho para a destruição da TAP. Um abraço amigo Fraga.

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    1. Obrigado, amigo Ernesto. O que era bom era que os portugueses começassem a "inspecionar" as muitas caneladas que têm levado e respondessem em conformidade. Não se limitassem a ficar a "massajá-las", ... com "paciência".

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