quarta-feira, 18 de março de 2015

PRESOS POR FINOS FIOS



Está tudo preso por frágeis fios, que com uma ligeira brisa se vão partindo um a um.
 Anda tudo e sempre à volta das mesmas palavras: compadrio, favorecimento, protecção, aproveitamento, mentira, soberba, desprezo, desleixo, incompetência.
É este infelizmente o dicionário ilustrado da Democracia portuguesa, como foi o do Estado Novo, unicamente com a mudança e ou acrescento de uma ou outra palavra.
À velocidade dos acontecimentos é bastante provável que em 2015 se assista à queda deste regime, ou pelo menos ao desmembrar da tecitura partidadária do “arco” que tem alternado o desgoverno do país nos últimos quarenta anos.
Todos os dias veem à tona e conhecimento público as baixezas, e malandrices destes que estão no poder; de quando em quando ainda se destapa alguma dos que antes estiveram;  e amanhã é só uma questão de fazermos o jogo do adivinha, que alguma “novidade”, das apetitosas e tristes há-de dar à costa dos murmúrios.
Não se julgue no entanto que as próximas legislativas , mesmo com mudança de cadeiras, tragam algo de novo. Só mudam mesmo os rabos nas cadeiras.
A realização das utopias é o fantasma dos políticos, porque os obrigaria a arriscarem e terem coragem, quando a manta e as pantufas no sofá da sede do partido, são um conforto que nenhum abdica.
São todos muito parecidos, falam o mesmo jargão, os aparelhos  pesados e pouco criativos funcionam da mesma maneira.
Só mudam os nomes, mas esses já não valem nada, esquecidos estão os tempos em que se dava o nome como garantia de honradez e respeitabilidade. Hoje, se for caso de disso até lhes acrescentam “e” e “de” , uma espécie de “actualização” de software, que a bem do votito, se for preciso renega-se o nascimento.
Assim, que nos fica uma grande preocupação por este buraco que cada vez mais se alarga sem uma única perspectiva de poder ser tapado e não nos engolir a todos. Como vai ser o dia de amanhã? Concerteza não muito simpático, na estagnação da volémia das pessoas – desligadas e encostadas no seu canto – na luta de lama dos títeres, arrancando cabelos, dando gritos histéricos, desesperados a que soe o gong, para recureparem os folêgos da asneira compulsiva.
Amanhã teremos o mesmo presidente, o mesmo governo, a mesma assembleia, os mesmos cometadores televisivos. Se viessem por separado já de si era muito mau, agora por atacado, tudo junto, é um enorme pesadelo.
Mas depois de amanhã vai-se servir o mesmo prato do dia, desta vez com molho diferente, para não enjoar  nos primeiros meses.
E a seguir o vazio. Entre o nada e coisa nenhuma, escolho o nada, pode ser que seja diferente, já que da coisa nenhuma estou mais do que habituado, mas não tenho ilusões nem sonhos coloridos: a eles convêm-lhes assim , sem mexer muito.
A nós não nos convêm nada, somos gente sem condição. A nossa opinião não passa do balcão do café, esgota-se aí até ao dia seguinte onde é retomada em modo de repetição dos mesmos temas, sempre e sempre até que venha o definitivo Alzheimer.

Tudo para dizer que estamos bem como estamos: os meus líderes são o espelho do meu eu, são o meu alter ego. E assim sendo para que quero outros?



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