quarta-feira, 8 de abril de 2015

«Páscoas»


Gostaria de referir-me à «minha» Páscoa deste ano, a propósito das crónicas deste domingo 5 de Abril:  « Páscoa de muitas Páscoas» de Frei Bento Domingues e «Esquecendo o almoço» de Miguel Esteves Cardoso.
Ainda vivo, com muita alegria, essa Páscoa que Frei Bento descreve, um mundo que lhe parece "em acelerado processo de extinção" : "as casas tinham sido lavadas, a mesa estava linda com toalha de linho, com comida e bebida para quem quisesse (...) o tocar dos sinos e campainhas, os foguetes subindo ao céu (...)". 
Parece que a Páscoa de muitos (ou cada vez mais) é a mesma de Miguel Esteves Cardoso: " como hoje não se vê, que a Páscoa jamais dependia de estabelecimentos comerciais. Era uma festa- que é como quem diz trabalho - das famílias. E quanto maiores, melhor."
Ainda há portas que se abrem ao «compasso», ainda há muita gente que recolhe pétalas, ou alecrim ou outros raminhos e os colocam à entrada de suas casas para assinalar aos homens do «compasso» que ali poderão entrar. E mais, ainda se enchem casas com famílias que beijam a cruz e ouvem a oração de Aleluia e têm uma mesa preparada quase à moda antiga...com o jarro de flores colhidas no campo - silvestres, bonitas- as amêndoas, o bolo, a cruz, o vinho do porto e até uma laranja sobre um envelope onde se guarda a oferta em dinheiro que um dos homens recolhe, ainda como se fazia quando era menino.

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