segunda-feira, 11 de maio de 2015

Crianças puras, adultos fingidos

Estava a passear pela Internet (eu adoro passear pelos corredores digitais) e reparei numa notícia engraçada: “Alunos do 5.º ano jogavam ténis de mesa quando encontraram dinheiro que entregaram à direcção. Os colegas gozaram. A escola elogiou.” Logo à partida nota-se que de fato ainda temos pais competentes neste país. Nem tudo está perdido. As crianças continuam inocentes, compreensíveis e acima de tudo, ainda dão pouco valor ao dinheiro. O que é bom, pelo menos é sinal que na casa destas duas crianças, tudo ainda corre com normalidade. Contudo, existe sempre o outro lado da moeda: "Depois de termos entregado o dinheiro, alguns colegas ainda nos chamaram burros pois podíamos ter comprado gomas e rebuçados, mas achamos melhor assim”. O que também é normal existirem crianças com estes pensamentos.
Mas o que me faz escrever isto nem é propriamente a notícia, mas sim os comentários que se seguiram em baixo da publicação da notícia. Como sou um fã autêntico dos comentadores da Internet, não resisti em observar que o mundo está rodeado de pessoas honestas e inocentes. Sim é mesmo verdade. Eu vivo de certeza numa cidade completamente diferente das outras em Portugal. “Felicito estes jovens pelo ato de honestidade, assim como as suas famílias por lhes ensinarem que os princípios são mais importantes do que ficarmos com o que não nos pertence.”, “Aplaudo este exemplo de honestidade e já agora atitudes como esta nao sao mais comuns talvez porque as pessoas sao condicionadas pela sociedade a terem atitudes preconizadas pelos colegas dos dois alunos.” – AHAHAHAH, esperem… Deixem-me rir mais um pouco – AHAHAHAH. Incrível como as pessoas para além de serem hipócritas também se julgam muito honestas.
Eu até gostava de saber se alguém tivesse a oportunidade de ver uma nota de 500 euros no chão, sem ninguém por perto, num centro comercial, se ia entregar a brilhante nota ao balcão de informação. Se por acaso existisse uma pessoa que fizesse isso, de certeza que não era um humano do século XXI. Atenção que uma coisa é presenciar alguém a perder dinheiro, outra é de facto encontrar dinheiro isolado e ter a liberdade de realizar a entrega. Porque entregar o dinheiro à pessoa que de facto perdeu o montante é uma coisa (que aprovo completamente), agora entregar a um balcão de informação? É já outra completamente diferente e eu não o faria. Chamem-me as coisas que quiserem, mas hipócrita é que não.

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