segunda-feira, 11 de maio de 2015

Os vampiros

De que estávamos nós à espera? Que Bruxelas permitisse a um governo grego de extrema-esquerda governar de acordo com a sua ideologia? Alguém imaginou que o sistema económico e financeiro, que alicerça os seus lucros na exploração da fraqueza alheia, fosse benevolente com um governo hostil ao capitalismo, um grupo de extremistas a fazer valer a sua utopia desvairada de uma sociedade capaz de integrar os que comem dos caixotes do lixo? 

A vitória eleitoral do Syriza estava, desde o princípio, condenada a ser a materialização da derrota de todos os que sustentam um discurso anti-austeridade, por muito possível ou muito justo que ele possa ser. Os “mercados” esfregaram de contentamento as mãozinhas nervosas quando Tsypras formou governo. Alguém estava à espera que os vampiros prescindissem do seu ancestral direito a comerem tudo e não deixar nada?

Permitir ao governo grego experimentar as suas visões para a resolução dos problemas que apoquentam os famélicos da União Europeia seria extremamente perigoso para um monstro burocrático que se sustenta e alimenta da miséria alheia. Seria como acarinhar um vírus enquanto se observa a infecção por ele provocada a ganhar saúde e a contaminar a União.

Não! A Grécia terá de ser impiedosamente castigada e o seu governo humilhado até não ser mais que um bando de pedintes de mão estendida a implorar perdão e misericórdia no falso Areópago que é a Comissão Europeia.

Estamos a assistir ao fim da “Europa a 28”. A morte da utopia grega do Syriza será a morte desta coisa informe em que se transformou o sonho europeu. Trocar Valores por economia não une nações. Antes pelo contrário. 

Oremos, irmãos, para que o que o que se vai seguir não seja catastrófico.

Carta enviada à Directora do Público em 11 de Maio


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