O DINHEIRO
O dihheiro é
tão bonito,
Tão bonito, o
maganão!
Tem tanta
graça o maldito,
Tem tanto
chiste o ladrão!
O falar, fala
de um modo…
Todo ele,
aquele todo…
E elas
acham-no tão guapo!
Velhinha ou
moça que veja,
Por mais
esquiva que seja,
Tlim! Papo.
E a cegueira
da justiça
Como ele a
tira num ai!
Sem lhe tocar
com a pinça,
É só
dizer-lhe: Aí vai…
Operação
melindrosa,
Que não é lá
qualquer cousa;
Catarata,
tome conta!
Poi não faz
mais do que isto,
Diz-me um
juíz que o tem visto:
Tlim! Pronta.
Nessas
espécies de exames
Que a gente
faz em rapaz,
São milagres
aos enxames
O que aquele
demo faz!
Sem saber nem
patavina
De gramática
latina,
Quer-se um
rapaz dali fora?
Vai ele com
tais falinhas,
Tais
gaifonas, tais coisinhas…
Tlim! Ora…
Aquela
fisionomia
E lábia que o
demo tem!
Mas numa
secretaria
Aí é que é vê-lo
bem!
Quando ele,
de grande gala,
Entra o
ministro na sala,
Aproveita a
ocasião:
“Conhece este
amigo antigo?”
-Oh! Meu tão grande
amigo!
-
Tlim! Pois não !
-
Nota – Versos do poeta e pedagogo algarvio João de
Deus,
-
o mesmo da célebre Cartilha Maternal ,1830-1896,
transcrito por
-
Amândio G. Martins
Sem comentários:
Enviar um comentário
Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.