domingo, 22 de novembro de 2015

Atroz

Recentemente começou a demolição parcial e posterior recuperação do quarteirão situado a norte da praça D. João I no Porto.
Ao longo dos anos foram-se acumulando os escombros dos edifícios em ruinas, lixo e vegetação.
Este local serviu de refúgio seguro a uma considerável colonia de gatos.
Estes felinos desempenham um ótimo serviço público, dizimando os ratos que vivem preferencialmente em edifícios em ruinas e nas estruturas no subsolo das vias públicas, nesta excessivamente degradada e suja cidade.
Como não possuem o atributo de falar, o poder de contestar, o direito a votar, (perdão pela ironia) foram despejados do local onde viviam á muitos anos sem direito a realojamento e alimentação.
Assustados, desorientados e tristes fogem em todas as direções, acabando mortos ou feridos pelo trânsito intenso das vias circundantes a este quarteirão.
No entanto vários persistem em não abandonar o local que sempre foi a sua casa, refugiando-se nos cantos dos prédios que restam, indiferentes ao barulho e movimento das máquinas e operários.
Escusado será dizer que se encontram famintos, pois o seu principal meio de subsistência acabou.
Reprovável que nenhuma entidade acautela-se esta situação.
No centro da cidade, a camara municipal certamente tem conhecimento desta situação deplorável, as associações de proteção dos animais, o partido dos animais e da natureza, que curiosamente possui uma loja aberta ao público relativamente perto do local em referência.
Esta situação recorrente, devia ter sido acautelada e futuramente prevenida em situações similares.
Que péssimo exemplo para as gerações mais novas, onde a insensibilidade, egoísmo, ganancia, inveja, maledicência, tornam-se cada vez mais predominantes na sociedade.
A palavra humana esta cada vez mais desprovida de significado, situando-se a raça humana mais perto do que nunca no limbo entre a salvação e o abismo.  



                                                                                        Atenciosamente.

                                                                                           José Araujo.

5 comentários:

  1. Essa insensibilidade, essa selvajaria, define-nos como povo. O amigo José Araújo pertence à minoria que protege os animais. Há outra minoria que os maltrata. E o grande problema, é a esmagadora maioria que é indiferente. A estatura moral de um povo revela-se pela forma como trata os seus animais. É uma vergonha para a CM do Porto, para os portuenses, para os portugueses. Vou divulgar, dentro do que me é possível, esta barbaridade. Parabéns, amigo, pelo seu humanismo e sensibilidade.

    ResponderEliminar
  2. OBRIGADA PELO TEXTO E VOLTE SEMPRE, JOSÉ!!

    ResponderEliminar
  3. Só perante os holofotes dos meios da nossa comunicação social é que parecemos ser os defensores dos pobres, dos ofendidos, dos sem-ninguém e dos animais, mas a verdade dos factos é a banalidade da normalidade. Lembremo-nos daqueles que, 'amando os animais de estimação', se livram deles quando vão de férias.

    ResponderEliminar
  4. Essa "gente" não ama os animais de estimação! Essa "gente" não é gente. É lixo! Lixo humano.

    ResponderEliminar
  5. E não é só quando vão de férias, mas quando já não lhes dá "gozo" tê-los. Tenho aqui pertinho, no sopé do Monte da Madalena - Ponte de Lima - o canil intermunicipal do Vale do Lima. São por ali abandonados imensos cães, altas horas da noite, em plena estrada; outros, mais "humanos", deixam as vítimas presas à vedação, em vez de se dirigirem ao canil nas horas de funcionamento, tratando correctamente o assunto. Passando por ali bem cedo, diariamente, é-me doloroso ver alguns destes animais a correr atrás do carro, quem sabe se por lhes parecer ser o carro do quem os abandonou!...

    ResponderEliminar

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.