terça-feira, 17 de novembro de 2015

Bataclan

Era disto mesmo que os refugiados estavam a precisar. Nada melhor que esta tragédia parisiense para incendiar os ânimos dos muitos que não conseguem distinguir entre gente normal, por acaso muçulmana, e extremistas sanguinariamente loucos, que até podem ser noruegueses (lembram-se do Anders Behring Breivik?) mas que, por razões geopolíticas óbvias, nestes últimos tempos, costumam ser de inspiração oriunda do médio-oriente. Fico à espera, e nem sequer preciso de me sentar, das doutas emanações cranianas de não sei quantos “especialistas” que, sem dúvidas metafísicas, apontarão o dedo acusador a todos os muçulmanos, sobretudo os mais frágeis, como são os refugiados. Nas imagens que vou vendo destes, encontro muitas e muitas crianças parecidas com os meus netos, a par de outros, mais velhos, que se pareceriam com os meus pais se estes ainda fossem vivos. Uns e outros de aparência totalmente indefesa. Em paralelo com estes “especialistas”, teremos de “aturar” gente com mais responsabilidades, designamente governantes, sejam polacos, húngaros ou eslovacos, a aproveitarem seraficamente a tragédia para levarem a água ao seu moinho ideológico. Em França, para já o país mais ferido, teremos brevemente uma extrema-direita eleitoral a clamar: “nós não tínhamos avisado?”. Os muçulmanos de todo o mundo, gente pacífica e moderada na sua esmagadora maioria, têm um papel urgente a desempenhar, e que não se pode limitar a manifestações de rua em que  gritem o seu repúdio pelos inqualificáveis crimes cometidos, mas provar inequivocamente, por todos os meios possíveis, que Islão não é terrorismo. Mesmo que muitos não os queiram ouvir, não estão dispensados dessa ingente tarefa. Para bem de todos nós.

Público - 17.11.2015

8 comentários:

  1. Comentários, como este, são raros. Raríssimos, nos grandes media que manipulam as massas para interesse dos "senhores" da guerra. Parabéns amigo José Rodrigues!

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    1. Agradeço a sua atenção, amigo Francisco Ramalho. Um abraço.

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  2. Claro que temos de saber separa 'o trigo do joio', mas ... está a ser muito difícil mondar a seara!

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    1. Caro amigo José Amaral,
      Tem razão. De facto, vai ser muito difícil esta monda. Tanto mais que terá de ser transversal à sociedade, composta de múltiplas confissões religiosas. E, como sabemos, criminosos e extremistas encontram-se em todo o lado. E nem precisam de ser religiosos.Um abraço.

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  3. O islão, tal como o cristianismo e o judaísmo têm como pai comum o profecta Abraão. As derivas nascidas com Jesus Cristo, Moisés e Maomet não tutelam, nenhuma delas, a barbárie a que vamos asistindo!...

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  4. É verdade amigo Górgias! Portanto, a religião pode ser o diabo!

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  5. E com o Diabo não se brinca. Veja-se o que aconteceu há pouco na Arábia Saudita, quando milhares se entretinham apedrejando o mafrrico e morreram cerca de mil, eh,eh,eh,ih,ih,ih,oh,oh,oh,uh,uh,uh!

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  6. Está um gato a miar no meu comentário acima: "profeta" não tem "c" ... E no outro, mais abaixo, "mafarrico" também ficou coxo. Enfim, coisas do mafarrico!

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