quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

RETRATO DE UM DEBATE PRESIDENCIAL

19 de Janeiro – RTP 1 – Fundação Champalimaud.

Portugal em suspenso a “beber” a chegada dos 9 candidatos. Esperavam-se 10 mas Maria de Belém , num gesto de respeito  pela morte do Prof. Almeida Santos que temos que aceitar, decidiu não comparecer. 

Sem querer ser desrespeitoso para com a senhora e para com o seu  gesto, não consigo deixar de achar que existem “coincidências muito convenientes” e até parece que o Dr. Almeida Santos, seu apoiante assumido, com a sua morte, foi uma ajuda preciosa a uma potencial “carga de lenha” que eventualmente a esperaria neste debate , à conta da vergonhosa decisão do Tribunal Constitucional sobre a reposição vitalícia dos políticos, da qual a candidata foi subscritora.

Mas adiante, passemos ao debate que deixa pouca história, ainda menos memória e foi, mais uma vez de uma pobreza franciscana.

Marcelo fingiu-se de morto, como tem feito em toda a campanha, piscando o olho sub liminarmente ( como se tivesse um cisco ) a toda a gente, da esquerda à direita, se é que isso existe.
Sampaio da Nóvoa esteve apático e até um pouco tristonho, repetindo tudo o que já lhe ouvimos e perdeu, para gáudio de Marcelo uma excelente oportunidade para marcar a diferença, até porque podia e devia ter potenciado a ausência de Maria.

Maria…pois a Maria não esteve e se calhar marcou pontos pela ausência.

Paulo Morais foi mais do mesmo.
Edgar Silva, idem
Cândido Ferreira, idem.
Henrique Neto, idem
Jorge Sequeira deu uma aulita de liderança e motivação com alguns apontamentos engraçados para estudantes da coisa.

Marisa Matias foi também igual a si própria, consistente e assertiva, apesar de quase em voz. Direi que foi mesmo a única que tentou trazer algo de concreto ao debate. Tentou mas não consegui.

Vitorino Silva, o grande Tino de Rans foi o protagonista dos únicos momentos que vão ficar memória dos portugueses que tiveram a coragem de ver aquele debate de fio a pavio, ao animar as hostes com o seu diálogo informal e amistoso com Marisa Matias.

Mas afinal aquilo deveria ter sido um debate presidencial e sobre as funções do presidente e sobre o seu potencial papel na sociedade portuguesa, ouvimos absolutamente zero.

Assim sendo, depois de uma hora e meia de coisa nenhuma, os resistentes como eu, ficam com uma sensação de vazio, enquanto os candidatos vão saindo da Fundação convictos de que fizeram uma grande coisa e finalmente os portugueses ficaram sem duvidas sobre o seu sentido de voto.

Ficam as questões : se este debate ajudou a diminuir a abstenção – não me parece ?
Se a coisa se resolve à primeira volta – também não me parece.
Se os portugueses conhecem as funções presidenciais e o papel do presidente da republica? – seguramente que não.

Dito tudo isto…ora bolas – “gastei” duas horas a ouvir o que já tinha ouvido e depois ainda me dei ao trabalho de ouvir os comentários dos politólogos residentes que também, melhor estivessem calados porque mais não fizeram do que fazer obscena e despudorada campanha pelo vencedor anunciado, qual D. Sebastião.

Por tudo isto e apesar de ter a minha decisão tomada…vão dar banho ao cão porque esta campanha não acrescentou nada ao que já se sabia. Deu algum mediatismo a algumas figuras mas de substância , muito pouco ou quase nada.


Dia 24 veremos o resultado “desta açorda”.

Graça Costa

8 comentários:

  1. Os candidatos emergem da sociedade e das forças políticas que a dominam. No estado a que o país chegou não é de esperar grandes saltos qualitativos nas estruturas responsáveis pela vida da nação. Marcelo sempre foi um homem adaptado aos sistemas políticos vigentes. Dele não há que esperar nada significativo de novo. O resto, pessoas respeitáveis, desde o representante do Zé Povinho, Tino de Rãs, até ao formador de inovadores, Jorge Sequeira, são o espelho do país actual, o que não é nada confortável. Com alguma dificuldade, do molhinho, distingo Sampaio da Nóvoa como uma personalidade capaz de exercer o tão alto cargo de Presidente da República. Outros pensarão de maneira diferente e lá terão as suas razões. Contudo, como estamos dentro do barco, precisamos de nos aperceber qual o rumo que este leva. Um abraço lusitano que envolva toda a equipa.

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    1. Na generalidade concordo com a sua analise e tal como o meu caro amigo, tenho no Prof Sampaio da Nóvoa a minha escolha.
      No entanto não posso deixar de reiterar aquilo que foi o meu sentimento durante todo o debate - uma pobreza imensa de substância e mesmo o Prof Sampaio da Nóvoa não conseguiu emergir da mediania como gostaria de ter visto e sei que ele é capaz.

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  2. A nossa amiga Graça dá aqui uma informação preciosíssima(está mesmo confirmado?) então a dona Maria de Belém, essa paladina dos afectos, também é uma das vitalícias? Se está confirmado, tem que ser amplamente divulgado. Então a candidata ao mais alto cargo da nação, alinha nessa pulhice?

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  3. Está confirmadíssimo caro amigo Francisco Ramalho.
    Triste. muito triste mesmo...

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  4. Estamos numa enrascada das antigas e não saímos da cêpa torta. Mas não se abstenha! Vá votar!

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    1. Abster-me? Nuca o fiz e espero nunca o fazer.

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    2. peço desculpa pela gralha - é obviamente nunca e não "nuca"

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  5. Tem razão amiga! Está confirmado. Eu nem queria acreditar. Uma pessoa inteligente e que tanto fala em afectos, alinhar numa obscenidade desta! Sei que muita gente digna iria votar nela. É imperioso que essa gente saiba! Há outros candidatos até mais ou menos da sua área politico-ideológica.Portanto, Que não se abstenham. Até punha algumas reticências relacionadas com críticas sobre ela. Agora retiro-as, evidentemente!

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