quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Justiça Injusta

Em Portugal, temos o tradicional hábito de tudo criticar e pouco ou nada fazer para mudar o que se critica; apelamos mais facilmente ao ativismo verbal, do que ao ativismo no terreno. Nestes últimos tempos, tenho me deparado com a falta de opções seguras que algumas pessoas , ditas mais vulneráveis da nossa sociedade, encontram quando tentam efetuar a sua defesa perante bestas que atuam como se os outros fossem suas propriedades. Nos últimos anos, a violência doméstica em Portugal tem aumentado exponencialmente o que só nos envergonha a todos enquanto sociedade porque uma sociedade que não se move para defender os mais frágeis, é uma sociedade amorfa, ausente de valores morais e corrompida nos seus padrões éticos. 
A justiça também não ajuda, quando ás queixas das vítimas responde com total passividade e intolerância ; perante factos muitas vezes demonstrativos dessa violência, a justiça atua como se nada se estivesse a passar. 
O desprezo a que muitas das vítimas de violência doméstica estão votadas, no Portugal democrático do século XXI, chega a ser deveras ultrajante porque ainda continuamos a olhar para o lado como se não fosse nada connosco. A violência doméstica é um crime público, e como tal devemos enquanto sociedade, juntar a nossa voz á voz daquelas mulheres e crianças, que diariamente são vistas por essas bestas humanas, como sacos de pancada e como propriedades privadas. 
A justiça é injusta quando permite que essas bestas continuem a atuar impunemente , orientado o seu caráter humanista para algo reles e animalesco , que os leva a garantir o poder de força e persuasão que assumem perante seres humanos indefesos e relativamente mais frágeis. 
Haja coragem para mudar a lei, sendo que esta terá de ser reforçada com uma parte criminal mais célere e ativa no sentido de proteger as vítimas de violência doméstica. 
Está na altura do sistema mudar e se tornar mais duro e menos benevolente, porque quem bate em mulheres e crianças de forma reiterada, não merece complacência mas sim uma lição pesada por parte da justiça que os faça pensar antes de sequer ousar terem a tentação de voltar a agir. 

4 comentários:

  1. As pessoas, de um modo geral, funcionam em função da forma como a sociedade as moldou. Se a escola não tem um programa correcto os alunos sairão conforme foram formatados. Se as pessoas não são respeitadas como merecem, e a sociedade apenas tem ao seu dispor um caminho de injustiça, o resultado não pode ser socialmente benéfico. Estamos a viver um percurso de desrespeito pelos cidadãos mais fracos e os mais fortes são aferidos pelo dinheiro que têm e que compra todos os poderes. As pessoas vão para a política para enriquecer e não para servir os seus concidadãos. Estes procedimentos estão tão enraizados que são aceites com naturalidade e muitos acham que quem assim procede é esperto e merecedor de elogio. Só um milagre, ou um despertar colectivo de consciências, pode salvar esta civilização.

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  2. Não acredito em milagres e um despertar colectivo de consciências também não se dá por milagre. E depois, amigo Tapadinhas, nem toda a gente está na política para enriquecer. Por exemplo, há milhares em juntas de freguesia(é o meu caso) em assembleias de freguesia e municipais que além de não ganharem nada ainda se prejudicam.

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  3. Caro Amigo Francisco Ramalho - As excepções não fazem regra. Eu também estive muitos anos na política, sendo o 1.º presidente da Câmara Municipal de Montijo, no pós 25 de Abril (1974/75) e o último presidente do Conselho Municipal (1986/88), e não retirei quaisquer proventos ilícitos dos cargos. Sabe o meu amigo que a maioria dos autarcas e ditos representantes do povo, pertencem a extractos sociais onde funciona o compadrio como caminho normal e quando se fala em políticos corruptos não quer dizer que sejam todos, mas, infelizmente, são muitos e o dia-a-dia confirma tal asserção. Quando se diz que a Sicília é a pátria da Mafia, não se quer dizer que todos os sicilianos são mafiosos, longe disso. Quando se fala em corrupção ninguém pensa em Juntas de Freguesia, mas em políticos em lugares de topo e administradores de empresas públicas ou privadas que têm negócios, nem sempre claros, com o Estado. O país não chegou onde chegou, de falência evidente, mas sem a certidão ainda passada, por causa dos cidadãos honestos, que dão o seu melhor nos lugares políticos que ocupam, mas sim, pelos que. sem vergonha exploram tudo à sua volta, como se vivessem numa mina. Um abraço fraterno.

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