segunda-feira, 7 de março de 2016

ACADEMIA NOBEL

                                        NOS MEANDROS DO PRÉMIO NOBEL
No livro de Irving Wallace, “O Prémio”, o personagem conde Bertil Jacobsson, do Comité de recepção aos laureados, satisfaz a curiosidade de alguns deles acerca da forma como se processa a escolha:
-Conde Jacobson, pode descrever-me o que se passou após a apresentação das candidaturas? –Decerto que sim -  respondeu o conde. Quatro membros da Academia têm a função de fazer uma primeira escolha. Os livros considerados mais importantes pela totalidade dos membros são entregues a esses quatro. Muitas das obras, tal como a sua, estavam traduzidas para sueco; outras, nunca haviam sido traduzidas, sendo necessário apreciá-las na língua original.
-Nesse caso, o Prémio Literário está nas mãos de quatro homens – observou um premiado. –Não, não -  replicou Jacobsson. Os quatro membros do primeiro júri desempenham apenas um papel preliminar. Os membros da Academia passaram o verão todo a ler e reler e, em meados de Setembro, reunem-se oficialmente neste salão para discutir o que leram e sondar opiniões uns dos outros. No mês de novembro reunem-se uma vez mais, à porta fechada, para eleger o premiado.
 –O conde Jacobsson pode dar-nos alguns exemplos dessa discussão? –Acho que não haverá mal em lhe descrever alguns episódios - diz Jacobsson. Desencadeiam-se verdadeiras polémicas, uns a favor, outros contra as obras apontadas. Todos os anos, durante os meses de novembro e dezembro, há muita gente em todo o mundo à espera de notícias acerca do Prémio Nobel. Acabam por acreditar que os laureados são uma espécie de semideuses, mas todos, os que escolhem e os escolhidos, são apenas seres humanos.
E os prémios não são concedidos por decreto divino nem os juízes que os atribuem possuem sabedoria superior. São, de facto, homens dotados de grande inteligência mas humanamente frágeis. Trata-se de homens sábios e experientes e de absoluta integridade, mas também possuem os seus preconceitos, as suas preferências e aversões, mas, apesar de tudo, constituem as melhores cabeças que possuímos..
E é por isso que são  membros de uma Academia que distinguiu Rudyard Kipling, Roman Rolland, Anatole France, George Bernard Shaw, Thomas Mann, Bertrand Russell e Boris Pasternak, entre outros; mas também os da mesma Academia que esqueceu e rejeitou Émile Zola, Leon Tolstoi, Henrik Ibsen, Marcel Proust, Mark Twain, Josph Conrad, Máximo Gorki, Theodore Dreiser e August Strindberg, entre outros.

NOTA-  Transcrito por  Amândio G. Martins


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