quarta-feira, 9 de março de 2016

EXPLORAÇÃO CRIMINOSA

\                              CHOCOLATE AMARGO PARA MILHÕES
BITTER SWEETS – “For a decade and a half, the big chocolate makers have promised to end child labor in their industry. But as of de late estimate, 2.1 million West African children still do the dangerous and phisicaly taxing work of harvesting cocoa. What will it take to fix the problem?”
Começo com o parágrafo de entrada de um trabalho de 13 páginas da autoria do jornalista Brian O´keefe, saído no mais recente número da revista “Fortune”, 1 de março 2016. Neste notável trabalho jornalístico é dito que os grandes fabricantes de chocolate prometeram, há cerca de quinze anos, acabar com o trabalho infantil largamente praticado na colheita do cacau.
Todavia, numa última estimativa, são contabilizados, na África Ocidental, mais de dois milhões de crianças – número este sempre a crescer – nas várias tarefas necessárias para que os grãos de cacau cheguem secos e prontos a moer às várias fábricas europeias e americanas.
Mais de 70% do cacau consumido no mundo é produzido em África, sendo 60% só na Costa do Marfim e no Ghana. Mas, apesar do preço ao consumidor estar sempre a subir, os produtores africanos da matéria-prima não saem da pobreza, mesmo com a utilização de mão de obra infantil escravizada, na qual, para agravar, quatro em cada dez se ferem gravemente com as catanas usadas para extraír dos “invólucros” duríssimos os grãos de cacau.
É dito no texto que o actual presidente da Costa do Marfim, Alassan Quattará, é doutorado em economia pela universidade da Pensilvânia e foi alto quadro do FMI, o que é capaz de explicar a facilidade que aos exploradores do seu povo é dada para continuarem à vontade…
Brian O´keefe faz a listagem que deixo, por ordem decrescente de lucros, das empresas chocolateiras: Mars-14.68 biliões de dólares; Mondelez-14.45; Nestlé-12.49; Ferrero-9.25; Hershey-7.34. Todas estas empresas afirmam disponibilizar grande fatia destes lucros na melhoria de vida das populações que os enriquecem, mas o resultado da sua “bondade” nunca chega ao conhecimento do mundo e muito menos às vítimas da sua exploração.
Numa escola “oferecida” pela Nestlé, o repórter fez às crianças perguntas como quantos tinham Net e a resposta foi zero; quantos eram filhos de produtores de cacau, todos; quantos queriam seguir os pais nessa actividade, zero; metade das crianças sabiam quem era Beyoncé e uma sabia o nome do presidente dos USA…

                                            Amândio G. Martins

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