Na ânsia desesperada de encontrar resposta para o maior
enigma: a vida, a razão da sua existência, o começo, sua finalidade, o que a
rodeia, tem motivado ao longo dos séculos as mais variadas dissecações, das
pessoas mais proeminentes da história aos cidadãos comuns.
Destrincar este enigma supremo jamais se conseguirá,
presumo, mas sendo a presunção a mãe de todos os erros, reservo o beneficio da
duvida, pois também eu tenho uma esperança ténue.
Os seres humanos têm necessidade premente de acreditar em
algo superior a eles próprios, que lhes dê um sentido, provavelmente o mais
consistente possível da sua passagem efémera pela terra.
Para que a vida não seja um mero sonho oco e desconexo, eles
criaram as suas crenças.
Começaram por prestar subserviência ilimitada a seres iguais
a eles, aos quais atribuíam qualidades e poderes desmedidos, após a sua morte
continuavam a prestar-lhes culto que passava de geração em geração.
Estava lançada a semente embrionária das várias religiões
(igrejas) que foram surgindo ao longo do tempo.
Em busca de um sentido para a vida, da verdade,
conceberam-se os maiores embustes, as maiores organizações religiosas, sexistas
e lucrativas existentes no mundo.
Detentoras do maior património imobiliário logo a seguir aos
próprios estados, movimentam somas de dinheiro colossais, das quais milhares de
homens (essencialmente) dependem.
A história ensinou-nos que todas as religiões são
tendencialmente totalitárias e violentas quando pretendem verdadeiramente
atingir os seus fins.
Como exemplo:
-Cruzadas da fé (séculos VI e VII).
-Tribunal da inquisição (séculos XIII, XIV e XV).
-Descobertas e colonização (séculos XV a XX).
Matrizes civilizacionais, valores morais, preconceitos,
tabus, condutas éticas, regulamentos, convenções, obstáculos comportamentais,
leis ou o que lhe queira chamar, mais não são do que formas de limitar a
individualidade humana, castrar, inibir, deturpar, corromper, aniquilar o
pensamento vontade e ação.
Não esquecendo que inúmeros religiosos encontraram ao longo
do tempo refúgio seguro nas religiões (igrejas) para a prática dos seus instintos
mais mórbidos, fruto de graves desvios mentais, condenando vidas, despojando-as
da sua dignidade, criando em muitos casos os futuros delinquentes e inadaptados
da sociedade.
Ainda hoje, vários casos são omissos, negados ou minimizados
pelas entidades visadas, quando denunciados.
Quando os cristãos começaram a disseminar-se de forma mais
notória no império romano, destabilizando o poder instituído, muitos foram
mortos pelos soldados, outros dilacerados pelos leões nas arenas, para gaudio
da população.
Atribui-se ao imperador Nero o seguinte: matai todos os
cristãos e o mundo jamais saberá que eles existiram.
O imperador não viveu tempo suficiente para concretizar o
que ordenou.
Como uma raiz malévola, ou uma teia negra construída
lentamente por uma aranha, a religião tapa os raios de sol, mergulhando o mundo
no obscurantismo.
Ao longo do tempo fluxos migratórios têm sido uma constante
em todo o planeta, raças têm-se misturado com populações indígenas, originando
o que se chama de miscelinização populacional, cultural e religiosa (com menos
incidência).
A existência da vida na terra tem sido uma eterna luta
territorial, social, cultural, religiosa e financeira.
Curiosa a proporcionalidade da implantação religiosa e o
grau cultural das populações.
Nas sociedades pobres, com uma taxa de analfabetismo e de
natalidade elevada, em que a miséria ressalta em todos os setores sociais, as
pessoas têm maior propensão para as crenças religiosas, o sobrenatural, o
utópico, o fanatismo, no sentido inverso verifica-se nas sociedades cultas,
ricas, desenvolvidas.
Quando o teólogo Charles Robert Darwin publicou em 1859 o
seu estudo sobre a “origem das espécies por seleção natural” e a ”conservação
das raças favorecidas na luta pela existência” provocou um escândalo.
Segundo a génese bíblica, todas as espécies foram criadas
por Deus, dominava o pensamento até então.
Essencialmente ele defendia que o aparecimento das
diferentes espécies se deve a alterações casuais, chamadas «modificações» que
deram lugar ao surgimento de seres vivos com propriedades e caraterísticas
novas.
No decurso da evolução os fortes vencem os mais fracos.
Transpondo para os seres humanos e seguido esta linha de
pensamento, certamente ele defenderia que os seres humanos fossem mediante as
diversas raças, umas mais belas do que outras, umas mais inteligentes do que
outras, umas mais robustas do que outras e assim sucessivamente.
Continuando esta sequência lógica, lentamente as raças
proeminentes ofuscariam, marginalizariam e exterminariam as mais débeis.
O filósofo Friedrich Nietzsche afirmou que ainda há muitas
coisas por dizer e por pensar, mas que sem elas, o ser humano continuaria preso
das convenções, sobretudo porque não se apercebe do que não conhece.
Esta linha de pensamento também pode aplicar-se ao pensador
Aliester Growley, ele escreveu que todos os homens e mulheres são estrelas, faz
o que quiseres, sem a interferência de convenções, da vergonha ou da moral.
No final da sua “carta dos direitos humanos”, no Líber Oz,
depois de reconhecer ao individuo o direito de viver, morar e viajar para onde
quiser, de pensar, dizer, escrever o que quiser, amar quem e como quiser,
finaliza: o ser humano tem o direito de matar, qualquer um que tente priva-lo
destes direitos.
Não admira que estes pensamentos tivessem provocado uma
grande indignação na sociedade baseada em convenções burguesas e fortemente
dominada pela raiz maléfica e totalitária da religião dominante.
Três vultos da história mundial, inteligências raras,
únicas, superiores, predestinadas, abordaram a vida e o desempenho do ser
humano no universo, com tal amplitude de liberdade de pensamento, como até
então ninguém teve a perceção, capacidade e ousadia de o fazer publicamente.
Também eu gostava de ir mais além, mas não consigo, pois fui
concebido com limitações mentais, físicas e temporais, com tudo o que existe.
Lembra-te que a partir do momento em que nasces, começa a
contagem decrescente, com a agravante de não saberes o teu prazo de validade.
Felicidade é um conceito demasiadamente utópico, por isso
vive com satisfação.
Com amizade.
José Araujo.
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