quarta-feira, 18 de maio de 2016

Debaixo do cutelo
Cada vez que surgem notícias referentes a Portugal, vindas de Bruxelas, é sempre sob a forma de correctivo, como se um professor se dirigisse a um aluno relapso, que merece ser castigado, mas que a sua benevolência faz com que se adie, para mais uns meses, a decisão sobre o castigo pendente a aplicar. O país perde consistência, e os portugueses vivem numa permanente situação de menoridade.
É vergonhoso vivermos neste clima hostil e, no parecer fundado do protector, em estado pecaminoso. Mas, para além do desprezo com que os mais pobres são mimoseados, a insensibilidade dos mais altos dirigentes, é uma evidência que revolta qualquer pessoa sensível.
Nenhum português de corpo inteiro pode ser considerado cidadão, com cartão ou não, estando sempre pressionado por um areópago que despreza os seus legítimos direitos de ser considerado pessoa e não número.
Aos senhores que se alimentam directamente da União Europeia, que suga os países que a compõem, nada lhes interessa sobre os problemas dos cidadãos que têm necessidades, desde a falta de emprego até à perda da habitação, pois eles, lá do alto da montanha, não olham para o sopé.
O governo português apresentou aos tutores, de forma envergonhada, as difíceis contas do cumprimento do orçamento de ano transacto. Suas excelências, do alto do seu poder, como não têm tempo para dar já o seu aval, prometem perceber as dificuldades que surgiram na governação, e pedem, mais sacrifícios, para colmatar previsíveis falhas, deixando no ar eventuais castigos ou, no final, um clemente perdão.
Isto tem de nos envergonhar, porque, se somos uma família europeia, qualquer problema de um país é uma parte que afecta o todo.
O que dói mais, é a maneira, pouco profunda, com que os responsáveis governamentais sentem a forma como somos tratados nas instituições europeias, pois os mais pobres são como enteados, e os filhos e donos da União Europeia, são os mais ricos e industrializados. Dão-se ajudas financeiras parciais para estradas, pontes e linhas de transporte, mas não se consente que se criem estruturas industriais que entrem nas linhas dos produtos exportáveis e transacionáveis, concorrentes com os países poderosos que estão implantados no terreno. Entretanto, a maioria dos nossos representantes baixa a cerviz, e entra na festa, como se tivesse perdido a sua identidade nacional e alcançado o estrelato europeu.
18.05.2016

Joaquim Carreira Tapadinhas – Montijo  - BI 9613 – TM 962354823

1 comentário:

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