domingo, 4 de setembro de 2016

Burqistas disfarçados


Quem tem dúvidas de que os burquínis são horrorosos? Tapam as belezas femininas (algumas bem que o merecem…), embora deixando entrever as caras, e foram inventados para o mercado da moda abocanhar um nicho a que não havia maneira de deitar o dente, fintando uma tenebrosa mania de os machos muçulmanos (mas não só) submeterem as fêmeas à sua autoridade, que isto de igualdades é coisa que não cai bem aos olhares de qualquer Deus único que, como sabemos, é o “nosso”, nunca o dos outros. Não admira que, para alguns “puritanos”, os burquínis, escandalosos no seu horror, deveriam ser proibidos, ideia a que aderiram com entusiasmo várias personalidades das direitas europeias, com Sarkozy e Le Pen à cabeça, mas a quem, surpreendentemente, se colaram alguns nomes do Partido Socialista francês, como Manuel Valls, ilustre primeiro-ministro da Gália A.C. (antes de Cristo), certamente contemporâneo do Astérix. Mas houve mais: até um corso, presidente de Câmara também socialista, Ange-Pierre Vivoni, deu largas ao “progressismo”, decretando a imunidade do seu município aos ditames suspensivos da proibição, exarados pelo Supremo Tribunal francês, por ter sido palco de violentos desacatos em torno dos burquínis. Proibir ou não, não é a verdadeira questão; o importante, parece-me, é saber quem são as destinatárias da proibição: mulheres muçulmanas! Fossem elas freiras católicas e outro galo cantaria. Estas fainas dos burquínis trouxeram a grande vantagem de desmascarar muita gente ferozmente contra a burqa, mas que não desdenha de a afivelar à alma há muito tempo. Talvez desde as Cruzadas.

1 comentário:

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