terça-feira, 15 de novembro de 2016

Não sou populista, mas…

Há já algum tempo que o populismo vem ganhando importância nos espaços de discussão, mas só agora parece ter-se tornado tema da moda. Percebe-se. Simplificando (à boa moda populista), direi que, confrontados com a imagem dos políticos, os eleitores desejam varrer do cenário as castas que escondem (mal) os conluios que fazem com outros predadores poderosos. Mostram-se fartos de ser enganados pelas tretas com que lhes acenam: a globalização desregulada foi-lhes servida como a panaceia mundial, dela adviria o enriquecimento de todos. Hoje, acusam-na de ser a principal causa da destruição e empobrecimento da classe média. Quando o mal está feito, aparece mais uma treta: “é irreversível, não há alternativa”. Levados à saturação, os cidadãos mostram inconformismo, quando não revolta. É a altura de aparecerem os “messias”. Armados da ultra-simplificação própria de quem só quer ver a preto e branco, esgrimem duas ou três receitas radicais que juram bastar para a barrela universal. Como fez o sr. Trump, eleito democraticamente, e outros aparentados, no passado recente e no remoto. Ainda virão mais, receio bem…

Afinal, como é que se chega a este estado de coisas? Os americanos (tal como eu) quiseram ver-se livres dos protagonistas que só actuam em ganância e nepotismo, alimentados por uma arrogância sem vergonha mas, ao que parece, convincente. O azar deles foi quererem trocar o mau por anything else. Pena não terem compreendido que Trump vem da casta de que se queriam ver livres. Mais uma vez, foram enganados!

Público - 15/11/2016

1 comentário:

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