sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

A geringonça segundo o avôzinho


Sou aquele velhinho de noventa anos que escreveu há cerca de três anos no JN, queixando -me que queria ir ao cinema no Natal, e não encontrava em exibição a fita desejada. Claro que era a brincar, porque o verdadeiro motivo era não ter dinheiro. As reformas tinham sido reduzidas, lembram-se?
Bom, agora contínuo a ter que ser poupadinho, mas sempre se vêm mais uns trocaditos. Voltei a encontrar -me com os meus amigos, mais amiúde, ali na tasquinha da Palmirinha. Já não somos bem os mesmos, pois vieram alguns novos para o lugar de outros que se zangaram de vez com a Palmirinha. Deus os tenha!
Andamos um bocadinho mais animados nas nossas conversas. Sempre é melhor ver na televisão estes governantes, que lá em Lisboa, tratam das nossas vidas. Não ameaçam tanto como os outros, que falavam quase como se nos estivessem a fazer um favor, pois a sua conversa andava sempre à volta do mesmo.
Também os meus netinhos, que foram trabalhar para fora, me têm dito ao telefone que os portugueses estão muito bem vistos por lá, assim como o nosso governo.
Ora com os outros senhores só ouviamos coisas como: ele era peste grisalha, ele era gente piegas, ele era os jovens que tinham de se fazer à vidinha lá fora, ele era fecho de escolas, de tribunais e de centros de saúde, e sei lá mais o quê.
Dizem que o nosso Portugal está com muitos problemas, e acredito. Mas pelo que vejo no telejornal, não o troco por nenhum outro. E agora muito menos, pois somos tratados com carinho, com alegria e simpatia, pelos governantes de hoje, principalmente pelo Professor Marcelo que é realmente o Presidente de todos os portugueses.
É bom chegar a esta idade e ainda ter esperança que as coisas menos boas que temos possam melhorar.
Que Deus me dê vida e saúde por mais algum tempo.


Barros Correia

4 comentários:

  1. É bom acordar com uma carta destas! Adormeci com os sons e e a coreografia do ballet flamengo e desperto com esta sensibilidade simples e plena! Um abraço ao autor!

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