terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Eixos cartesianos

Todos nós (ou quase) concordamos em que falar-se de esquerda e de direita, hoje, não faz grande sentido. Talvez porque foi imperceptível a rotação de 90 graus que sofreu o eixo das abcissas, passando a ocupar o lugar do eixo das ordenadas. Agora, as coordenadas directoras evoluem para cima e para baixo, entre o rico e o pobre, o poder financeiro e a servidão.
Com esta rotação axial, os partidos da esquerda foram arrastados para a parte inferior do novo eixo, e os da direita reposicionaram-se no sector oposto, mas arrastando consigo muitos incautos. Entre estes, pequenos empresários e outros da classe média baixa que, tradicionais simpatizantes dessas bandas partidárias, não se deram conta da “nova ordem” que os atirou para o caixote dos não-poderosos.
O papel revolucionário normalmente atribuído à esquerda, que agora está na metade inferior do eixo, foi apropriado pela antiga direita, que está na outra metade, a de cima. E é esta “nova direita” que quer mudar todo o modus vivendi que conhecemos, nela não cabendo, por exemplo, a democracia-cristã que, em cooperação com a social-democracia, participou na construção do Estado social e do projecto europeu (União Europeia é outra coisa).
Os doutrinadores oficiais que se deixem de esquerdas e direitas (o neoliberalismo não é de direita, muito menos de esquerda) e passem a chamar os bois pelos nomes: os “de cima” e os “de baixo”, subentendendo-se que estes últimos é que terāo de pagar, a bem ou a mal, as facturas que os primeiros lhes forem apresentando.

Expresso-14.01.2017

1 comentário:

  1. Embora continue a pensar que há um eixo das abcissas, no sentido do pensamento sociológico, o que ele está... é com os braços muito curtos! E o das ordenadas está impante apontando para o céu (deles...) e para o inferno ( de quase todos). Quase todos... menos oito que detêm mais de 50% da riqueza mundial. Assim o mostra (mais) um estudo da OXFAM.

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