terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

A degradação no Alexandre Herculano

Desde os primeiros pingos caídos dentro do velhinho "Alexandre" que até tinha escapado a mudança de nome ao contrário do que aconteceu ao nosso rival D. Manuel II que passou a Rodrigues de Freitas após uma tentativa falhada para ser Amílcar Cabral, que tenho conseguido omitir o que me vai na alma. No entanto, respondendo ao apelo de antigos colegas, aqui fica o meu desabafo. Desde as últimas eleições, por mudança de residência, passei a ser freguês do Bonfim sendo a minha secção de voto precisamente no degradado Licev Alexandre Hercvlano. Quando lá entrei, enquanto recordava os tempos da minha juventude, fiquei incrédulo não querendo acreditar que tinha sido ali, naquelas salas outrora com todas as condições, que aprendi um pouco daquilo que sei. Veio-me a imagem de colegas, de professores, do nosso reitor Sena Esteves, dos contínuos, dos recreios, do muro que dava para o Rainha, das sandes de omeleta que adorava, dos calções que ainda usava, dos laboratórios, do anfiteatro, sei lá . . . de tudo mas sem necessidade de guarda chuva. Aos sábados usava calças para encobrir a farda da Mocidade, apenas por aversão a fardas não tendo chegado sequer a chefe-de-quina ao contrário de outros, hoje famosos antifascistas, que chegaram a comandante-de-castelo. E já que falamos de chuva, não acham que traz água no bico a criação do Parque Escolar, E.P.E nos tempos em que era tudo "à Lagardere" devastando milhões em escolas faraónicas e que já metem água, embora com candeeiros com assinatura Pritzker e outros luxos desnecessários, mas deixaram chegar ao ponto a que chegou o Alexandre e outros por este país fora? Será assim tão difícil saber quem são os culpados desta vergonhosa situação? Termino deixando aqui um apelo ao engenheiro Belmiro de Azevedo, antigo aluno do velho Alexandre, que qual mecenas como tem sido seu apanágio, ajude com o seu saber e poder, a recolocar aquele estabelecimento de ensino, o Licev Alexandre Hercvlano como deve ser chamado, com condições para que continue a sair de lá gente de alto quilate como outrora e que o país se pode gabar. Jorge Morais


Publicada no Jornal PÚBLICO em 12.02.2017  e no DN-M em 14.02.2017

1 comentário:

  1. Uma intervenção escrita com rigor e conteúdo, que vem muito a propósito, pois parece que os mandantes deste país não respeitam o passado, porque, muitos deles, pensam que a nação começou com eles. A Parque Escolar EP foi mais uma artimanha para muitos amigos dos políticos, e eles próprios, roubarem o erário público escudados na lei. Acabaram com a Junta Autónoma das Estradas e criaram as Estradas de Portugal, no mesmo sentido de destruir o passado e substituir departamentos e sectores governamentais directamente ligados ao funcionalismo, por empresas públicas cujas administrações e apêndices, preenchidas muitas vezes com o tempero do nepotismo, consomem mais em estudos e pareceres que o custo real da obras de que são responsáveis. Isto atingiu um estado tal que já não tem cura, porque os honestos são poucos e não têm lugar no clube. É a Portulândia no seu máximo esplendor!

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