quarta-feira, 8 de março de 2017

O martírio de Núncio


         Afinal a monumental histeria do interminável folhetim das SMS da CGD não passava de um fait-divers, de uma manobra de diversão, para distrair incautos e iludir correligionários.

         Por detrás da insana gritaria de que Domingues é mais sério que Centeno, estavam escondidos 10 mil milhões de euros que voaram sonegados para os offshores. Sonegados quatro anos consecutivos ao escrutínio do Fisco, ao escrutínio do Parlamento e sobretudo ao escrutínio dos cidadãos. Enquanto o governo da austeridade de Passos e Cia., esfolava as depauperadas economias domésticas e chicoteava as famílias com o empobrecimento, a pretexto de que estávamos a viver acima das possibilidades do país, enriqueciam ainda mais os muito ricos protegidos pelo manto opaco do poder.

         Apressou-se o ex-secretário de estado a negar a sua responsabilidade. Denunciado por alto funcionário do Fisco, cúmplice no encobrimento e na desapiedade do empobrecimento a chicote de famílias e micro e pequenas empresas, Núncio demitiu-se de pronto das responsabilidades no CDS, e assumiu todas as culpas e mais algumas. O martírio do senhor Núncio protege o seu partido e a nova presidente, o governo a que pertenceu e os donos dos offshores que encobriu.

         Mas alguém acredita que esta sinistra figura actuou sozinha? Não sei se há almas crédulas a este ponto, só sei que por detrás do biombo da culpa se escondem mais prevaricadores da maldade da austeridade e da emergência do empobrecimento.

         Queremos saber mais, conhecer mais responsáveis, o que sabia a responsável-mor da pasta das Finanças Maria Luís, ministra da tutela, da responsabilidade de Passos, da origens dos 10 mil milhões e a quem pertencem, porque foram ocultados, se essa colossal fortuna foi tributada, para que rotas e offshores foi o dinheiro, de que forma esses fundos regressaram ou a não a Portugal.

         Seja como for, assim se comprova a natureza de classe de um governo que empobreceu uma nação para concentrar a riqueza do país em paraísos fiscais, nas contas bancárias numeradas da acobertada xico-espertice nacional.

         Resumindo e concluindo, estamos perante uma gigantesca fraude fiscal de contornos muito obscuros, indiciante de que isto sim, não é só uma marosca, é uma verdadeira matriosca.

        

         Carlos Pernes

1 comentário:

  1. Subscrevo e congratulo-me pela participação do amigo Carlos Pernes que não conheço pessoalmente, mas de quem tenho lido coisas muito lúcidas e pertinentes.

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