sábado, 4 de março de 2017

Recordemos o trovador da liberdade - José Afonso


Há 30 anos desapareceu-nos fisicamente o trovador da palavra e da liberdade - José Afonso,
cuja autoria e voz em ‘Grândola, Vila Morena’ foram o símbolo da Revolução de 25 de Abril.
   Doença incurável - esclerose lateral amiotrófica, retira-o da vida, com 57 anos, ainda tendo
muito para compor e cantar, através do seu talento criativo e interpretativo. «Ele nunca se queixou, nem falou sobre o que a doença ia interferir na sua carreira profissional», disse
Maria Sales Luís, sua neurologista. «O seu sentido de humor e genialidade, ainda que doente,
não queria tristezas», lembrou João Afonso, seu sobrinho e notável músico. Não suportava
lamúrias.
   O concerto que José Afonso apresentou em Maio de 1983, onde cantou: ‘…Águas das fontes
calai, ó ribeirais chorai, que eu não volto a cantar», foi premonitório, já que nunca mais pisaria
um palco. «É preciso sonhar com os sonhos!», afirmou numa tertúlia. Cantou sonhos, utopias e esperanças como poucos - objectivos tão antigos como o Homem. «Estou a morrer devagarinho», desabafou com coragem e dignidade ao seu amigo e ilustre Baptista-Bastos. Cantou Abril e o seu manancial auspicioso de Fraternidade, Liberdade e Igualdade de oportunidades.
   Numa sociedade decente, José Afonso poeta e cantautor, jamais será esquecido. Sou filho da
madrugada e devo também a este ser de luz, aquilo que hoje sou. Comovo-me e pergunto:
Porque será que a rádio não passa assiduamente as suas músicas de alvorada?
   José Afonso continuará vivo!, nem que o seja nos nossos corações.

                                            artigo de opinião de Vítor Colaço Santos

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