quarta-feira, 17 de maio de 2017

De Espanha nem bom vento nem bom casamento?


"Desde o início que o plano de Portugal era jogar sujo". É o que diz um cronista espanhol sobre a vitória de Portugal no Festival da Eurovisão. Mas não se trata de uma crítica – pelo contrário, é um tremendo elogio de nuestros hermanos, que estão entre os europeus que mais se renderam a Salvador Sobral.
O texto de Manuel de Lorenzo publicado pelo jornal El Español aborda com ironia o fracasso do concorrente de Espanha no Festival da Eurovisão, Manel Navarro, último com apenas 5 pontos – que lhe foram atribuídos pelo público português – e considera que"Amar pelos dois", de Salvador Sobral, "salta as regras" da má qualidade que tem sido habitual no concurso.


"Desde o início que o plano de Portugal era jogar sujo", escreve o cronista, frisando que a RTP levou a concurso uma "canção bem escrita, de harmonias sedosas, uma melodia delicada e versos inspirados", logo fugindo à tradição festivaleira dos últimos anos.
"Se participas na Eurovisão, participas com todas as consequências. Levar o festival a sério e ganhar é uma infâmia", aponta Manuel de Lorenzo, sublinhando que a música de Salvador Sobral e da irmã Luísa Sobral não é um "vulgar e antiquado karaoke".
Também a escritora e jornalista espanhola Elvira Lindo elogia a canção "Amar pelos dois", notando num artigo no El País que é "um hino de amor à música" e que a "mágica história" de Salvador Sobral "é uma chamada de atenção: o povo não tem que estar condenado ao vulgar".
No El País, o cronista Fernando Navarro fala ainda da "lição de Salvador Sobral no disparate da Eurovisão", realçando que "o português conseguiu que triunfasse a música sobre o espectáculo televisivo".


"Com o seu estilo desalinhado e o seu fato acima do tamanho, Salvador Sobral era visto, por muitos, como um erro que não encaixava na parafernália televisiva da Eurovisão", escreve Navarro, frisando que "na festa do extravagante, da purpurina e do pop vácuo, o bicho raro era ele".

Mas "nenhum erro valeu tanto a pena", conclui o cronista espanhol, salientando que "oxalá" que a vitória de Portugal "seja um ponto de inflexão e não uma mera anedota para o futuro" da Eurovisão.

Por outro lado, Navarro nota que Espanha é "o exemplo contrário a Portugal" com "o intranscendente Manel Navarro" e o seu "pop pegajoso", "cantado sem tom, nem som, em inglês e em espanhol". "É como dizer que o burrito de paella que já se vende em qualquer lugar do planeta é típica comida espanhola", atira o cronista que ouve a identidade portuguesa, e nomeadamente os sons do fado, na música de Salvador Sobral.

De resto, muitos espanhóis ficaram encantados com "Amar pelos dois", como revela o resultado do televoto de Espanha que deu os 12 pontos a Portugal e muitas manifestações de elogio pelas redes sociais.

Entre os espanhóis famosos que aplaudiram o tema português está Sara Carbonero, mulher do guarda-redes portista Iker Casillas, que partilhou no seu perfil do Instagram as palavras proferidas por Salvador Sobral, na altura da vitória na Eurovisão.

"A música não é fogo de artíficio", mas "sentimento", nota Sara Carbonero, que também felicitou Portugal porque "ganhou a música e a simplicidade".
E também o ex-concorrente espanhol da Eurovisão Daniel Diges, que representou o país em 2010, deu os parabéns a Portugal e a Salvador Sobral com a sua própria versão de "Amar pelos dois".

 
Um resumo de várias publicações de Espanha



 

 

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