quarta-feira, 3 de maio de 2017

Notas "políticas" de viagem

Sinto que o teor destas notas talvez seja um pouco "serôdio" mas valerão a pena como testemunho presencial de alguns símbolos de "grandeza com pés de barro", uns passados, outro ainda presente. Dos primeiros, os mais recentes visitei-os em Bucareste, a passada semana. Embora o actual edifício do Parlamento romeno, megalómano na estrutura (segundo em superfície e terceiro em volumetria, no mundo) e luxo,de materiais, não divergisse muito do que eu esperava, o que me "impressionou" foi o denominado "Palácio da Primavera", residência do ditador comunista Ceausescu e sua família.
Com a sua deslumbrante riqueza de decoração, de número de grandes salas, da piscina com paredes ladrilhadas, sauna, ginásio "equipadíssimo", jardins interiores, um quarto de guardar roupa com centenas de fatos, camisas, vestidos de "boas marcas e "tutti quanti", é um exemplo vivo do contraste entre um "olha para o que digo e não para o que eu faço"! Quem for comunista deve sair de lá com um "nó na garganta"!
Escrevi sobre a mais recente impressão, mas, embora de diferente dimensão, foi o que senti, há anos, ao visitar a belíssima e monumental Praça Vermelha em Moscovo. Tudo é lindo mas... a dimensão daquela mostrou-me bem que as paradas militares soviéticas afinal decorriam num espaço exíguo a "dar-se ares" de interminável! E termino com um terceiro "espanto negativo, este bem mais a Oeste, nos EUA, em Hollywood. Que parolice, que "pouca graça" a zona do "passeio da fama" e do teatro dos Óscares! Este último fica dentro dum centro comercial. Onde está o "glamour" que nos tentam vendem e põe tantas "cabecinhas" a entontecer?!
Símbolos que nos esclarecem. Ou, talvez, uma imagem vale mais que mil palavras. Ainda bem!

Fernando Cardoso Rodrigues

6 comentários:

  1. Benvindo à cavaqueira... Há nos textos do padre António Vieira um apontamento interessante sobre o que escreve, em que é simulado um diálogo de um prelado que vivia no luxo, justificando-se perante Deus:
    "O que despendi com a minha casa e pessoa foi para satisfazer aos olhos do vulgo, que só se leva destes exteriores, e para conservar a autoridade do ofício e veneração da dignidade"...

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    1. Ou então aquela estória tão bem descrita por António Alçada Baptista num livro seu e que conta o regresso a casa do padre Joaquim, já embriagado, após mais um jantar bem "regado" na mansão dum morgado amigo. Imaginou o padre que ouvia a voz Deus a repreendê-lo pela "tainada" ao que ele retorquia como sabia e podia mas sempre com um peso na consciência. Deus não desistia e contra-argumentava mas, ás tantas, (hélas!)o bom do pároco lembrou-se de o dar o "estoque" final e disse: Bom Deus, tu é que tens a culpa por teres criado o bom vinho e o bom queijo... Ouviu-se um silêncio como resposta e então o Padre sorriu e terminou com um... "agora é eu te f... Senhor!". Moral: assim se cala a voz do Senhor!...

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  2. Passei por aqui à hora do almoço, escrevi sem olhar para trás e deixei um tal de Benvindo que não faço a menor ideia quem seja... O que queria dizer era bem vindo.

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  3. Olhe, aqui há anos, numa reunião científica que ajudei a organizar e em que alguns palestrantes eram estrangeiros, quis fazer uma "gracinha" e coloquei no primeiro diapositivo um nortenho "Benbindos" mas não me saí lá muito bem pois houve algumas crítica azedas. Pessoas sem graça (eu, claro!...)...

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  4. Todos os dias passo em frente a um bar-rastaurante que ostenta garbosamente uma placa em português e inglês que diz precisamente "Benvindo-Welcome". Já me ri com o dono, para corrigir aquilo, mas ele diz que para quem é "bacalhau basta" Agradeci, pela parte que me tocava...

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    1. E fez muito bem! Ou então fazer como os búlgaros ( agente aprende sempre nas viagens) que abanam a cabeça na vertical quando querem dizer...não! E vice-versa. Que jeito nos daria esta "técnica" no nosso Portugal!...

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