quarta-feira, 5 de julho de 2017

Confusão de regras

A criança nasceu; a mãe, como qualquer uma com a preparação mínima para cuidar de um recém-nascido, sempre que acabava de lhe dar o peito, ou  biberão, tinha o cuidado de a colocar na posição vertical para poder arrotar -  sem o que vomitaria o leite ingerido -  dizendo “bom proveito, minha filhinha”, logo que se desse a eructação.
Mas a criança, que se foi desenvolvendo a ouvir “bom proveito” sempre que arrotava, já com mais autonomia passou a ouvir a mãe repreendê-la quando isso lhe acontecia:  diz-se “com licença”, menina, se faz favor!
“Bom proveito, com licença”, enfim, baralhavam-se os conceitos naquela pequenina cabeça; e um dia, à mesa e com visitas lá em casa, em que a miúda não conseguiu evitar que um sonoro traque – vulgo peido -  se lhe escapasse, concentrando nela os olhares de toda a gente, percebendo o embaraço da mãe, a pequenita perguntou: e agora, mamã, digo “com licença ou bom proveito”?

Amândio G. Martins


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