quinta-feira, 6 de julho de 2017

Gente metediça

Abundam um pouco por todo o lado as pessoas que, por tudo e nada, gostam de meter a sua colherada, sem se preocuparem se são ou não inconvenientes; e se há situações em que o fazem de coração puro, só no sentido de ajudar, também não falta quem o faça de forma acintosa, mais para chatear que ajudar…
No caso que vou contar, penso que a intenção era boa. Andava eu a construír um casinhoto para guardar a lenha que a gente  precisa para se aquecer no inverno, uma coisa sem grande exigência de perfeição, apenas três paredes e uma cobertura de chapa pintada.
Aquilo era mesmo encavalitar uns blocos de cimento, sem fio de prumo, sem nível nem régua, pretendendo ser o mais rápido possível; mas um camionista que passava na estrada em frente, tendo parado para falar com alguém, antes de arrancar dirigiu-se-me nestes termos: “Ih, chefe, isso está torto pra carai”…
Eu já calculava que muito direito aquilo não havia de estar, mas assim tão torto também não, embora o ângulo de visão em que ele se encontrava lhe desse outra perspectiva.  Nada preocupado, cheguei-me ao muro e disse-lhe: “sabe, é mesmo de propósito que eu deixo isto assim aleijadinho; é que se ficasse tudo muito perfeito ainda podia cá vir alguém pedir-me para lhe fazer uma coisa igual, e quererem pôr-me a trabalhar é como quem me mata”!
“Bom, é uma ideia como qualquer outra”, respondeu o homem, que lá foi à sua vida, bem decerto a pensar fraca coisa a meu respeito…

Amândio G. Martins


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