terça-feira, 21 de novembro de 2017

É urgente um Mundo Novo

A democracia é o sistema político onde os oprimidos escolhem os opressores. Sinto-me um cão abandonado a latir pela noite dentro. O meu ladrar não encontra eco, porque ladrar é feio e incomodativo. Os que detêm o poder não percebem que o mundo mudou e tem de ser orientado por normas diferentes, mais humanas e menos competitivas. Os que construíram os alicerces, de pedra bruta, que suportam os belos edifícios, são tão merecedores de respeito, como os artistas que desenharam ou esculpiram as obras de arte que os enfeitam. Enquanto isso não for entendido, nada feito. O grande problema, que é raiz de todo este hediondo descalabro, é que os progenitores de opinião e os seus comentadores, sejam nacionais ou internacionais, na sua maioria, formulam todos os seus escritos assentes em valores desactualizados de progresso, especialmente os dos séculos XVIII e anteriores, onde a produção de riqueza, com a Revolução Industrial e as descobertas de novos mundos, melhorariam o bem-estar dos povos. Na verdade, houve saltos civilizacionais, que não são de menosprezar, mas que hoje já não são suficientes para servir de lastro social, pelas diferenças que em si comportam.
Hoje, no século XXI, a sociedade não pode estar dividida entre ricos e pobres. É urgente uma nova e diferente estrutura social. A sociedade deve estar ao serviço de todos e todos devem servi-la. Os cidadãos, com as suas diferenças e culturas, devem caminhar para o entendimento e não para que uns sejam os únicos possuidores da verdade e, por isso, deverem destruir os que estão errados. As diversas cartilhas, que servem a quase totalidade dos opinantes, estão ultrapassadas e é preciso escrever uma nova mais actualizada de acordo com aquele que virá a ser “UM ADMIRÁVEL MUNDO NOVO”
Não é fácil retirar privilégios a quem os tem, especialmente num mundo em que, a maioria deles, foram obtidos em negociatas, onde o mérito não teve entrada. As leis em vigor, na maioria dos casos, protegem os que as elaboraram, que pensam servir-se delas eternamente. Só que a história mostra-nos que, se hoje temos uma civilização de que muitos se orgulham, foi porque todas as anteriores civilizações tiveram um tempo limitado de existência. Há diversas formas de governar os povos, mas as actuais tem uma premissa igual; os poderosos, os donos dos diversos poderes, sejam políticos, económicos ou financeiros, desprezam aqueles que os suportam, com é possível deduzir pela forma como se comportam. Chegados a este estádio, é o momento de começar a construir UM ADMIRÁVEL MUNDO NOVO, porque este, o actual, está estupidamente a autodestruir-se.

Joaquim Carreira Tapadinhas, Montijo, BI 9613, jcatapadinhas@gmail.com

11 comentários:

  1. Amigo Tapadinhas, depois de ler estes seus "latidos", que poderei eu dizer de novo, de inovador? Talvez que o amigo, assim como tantos outros, mas não os suficientes, vão/vamos continuar a latir.E, infelizmente, já não deixaremos de o fazer, porque não veremos esse tão necessário ADMIRÁVEL MUNDO NOVO. Mas, que outra alternativa nos aponta a dignidade, se não a de continuarmos a latir? Abraço solidário!

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  2. No meio de tanta banalidade, já tinha saudades de ler do prof. Tapadinhas um texto de fôlego...

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    1. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Eu também gosto de ler o amigo Tapadinhas. Mas, para além dele, são só banalidades?

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  3. Tenho plena noção de que talvez não devesse estar aqui mas penso também que o Joaquim Tapadinhas não me perdoaria o silêncio sobre aquilo que escreveu. Aliás é simples. Concordando em grande parte com o seu texto,só não lhe "perdoo" o ter escolhido para o seu desejado mundo o título com que Aldous Huxley epigrafou o seu magnífico livro.É que de ADMIRÁVEL aquele mundo descrito tinha muito pouco! Sabendo de antemão que entenderá a razão porque aqui venho, saúdo o Joaquim e o seu escrito.

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    1. Obrigado por ter voltado ao nosso convívio, numa fase em que o mundo, onde a maioria das pessoas vivem, é demasiado desconfortável. Pode perdoar-me a escolha do título do artigo, porque não sendo Aldous Huxley proprietário das palavras, mas, desejando, eu, um mundo melhor e diferente lembrei o título do seu livro, do qual possuo, na minha descontrolada biblioteca, pelo menos 2 edições, sendo uma, o número 25 da colecção Dois Mundos, de Livros do Brasil e a outra da colecção Mil Folhas, editada pelo jornal Público. O meu despretensioso artigo nada tem a ver com o conteúdo do livro, de mais de duzentas páginas, concebido por esse espírito superior, intelectual que aos 17 anos quis ser médico, mas, por problemas de saúde, acabou por se licenciar em Letras, em Oxford, com 22 anos. Um forte abraço lusitano para o Fernando

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  4. Texto com a classificação de CINCO ESTRELAS.
    Um forte abraço para quem sabe.

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  5. Muito obrigado a todos pelas palavras sinceras que me dirigem, e que vão ao encontro da sinceridade com que escrevi este texto. Um grande abraço fraterno

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  6. No dia em que aqui deu "sinal de vida", tanto tempo depois de ter "desaparecido", também tive o prazer de ouvir na Antena 1 o Dr. Fernando Rodrigues,falando da programada deslocação do INFARMED para o Porto; espero sinceramente que, pelo que disse, não venha a ser por aí apedrejado!

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    1. Não tive a sorte de ouvir Fernando Rodrigues na Antena 1. Já agora, pode saber-se o que disse? Prometo não o apedrejar, mesmo que não esteja de acordo...

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  7. Duas respostas - Ao senhor Ramalho: embora eu também contribua com algumas, não disse que eram só banalidades, pero que las hay, las hay...

    Ao senhor José Rodrigues: Não seria correcto da minha parte repetir o que disse o Dr. Fernando na rádio pública; penso que o senhor terá como ouví-lo directamente...

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  8. É verdade, companheiro Amândio, não disse que eram só...Não deixa de não ter razão.

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