sábado, 2 de dezembro de 2017

belmiro


Lembrei-me logo do "Servidão humana", que em boa hora li em tardes de verão enquanto respirava o sal que me ia rodeando em cadência certa, assim que ouvi a notícia da morte de Belmiro de Azevedo.
Esse romance notável de Sommerset Maugham é sobre o escapar ao destino, ou sobre como perceber que as amarras que nos impedem podem ser também as cordas que nos puxam. Belmiro de Azevedo, o engenheiro Belmiro, era um nome recorrente lá em casa. Habituei-me, pela voz do meu pai, a ter-lhe respeito e sentir por ele a admiração que se dedica aos difíceis homens duros e coerentes. Sempre me surpreendeu o desdém com que muitas vezes o tratavam publicamente, sobretudo a ignorante declaração de que não passava de um empresário merceeiro, logo ele, que levou a sua indústria ao topo do Mundo.
"Servidão humana" é também sobre a mundana dificuldade de saber, a todas as horas, se é o momento de resignar ou insurgir. De saber do correto e da coragem ou espinha para o fazer. Aos críticos, invejosos e petulantes: comparem Belmiro de Azevedo a Salgado, Zeinal ou Granadeiro, e calem-se.

Crónica de
Miguel Conde Coutinho
Jornalista do JN
02 Dezembro 2017
Opinião/Praça da Liberdade

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